Rio celebra 30 anos da primeira parada do orgulho LGBT do país

O Rio de Janeiro retoma, no próximo domingo (23), a parada do orgulho LGBT na Praia de Copacabana para marcar três décadas da Marcha da Cidadania, realizada em 25 de junho de 1995, e considerada o ponto de partida das grandes mobilizações pela diversidade no Brasil. O evento deste ano adota o lema “30 anos fazendo história: das primeiras lutas pelo direito de existir à construção de futuros sustentáveis” e pretende reforçar a influência daquela manifestação pioneira sobre as paradas que surgiram em todo o país.

A marcha de 1995 aconteceu ao fim da 17ª Conferência Mundial da Associação Internacional de Gays e Lésbicas (Ilga), trazida ao Rio graças à articulação do movimento brasileiro em 1993. Segundo o pesquisador da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Renan Quinalha, o formato dialogou com a sociedade de maneira inédita, ampliando a pauta além da resposta à epidemia de HIV/Aids que dominava a agenda desde os anos 1980. “Foi o início de um processo que, nos anos 2000, passou a reunir milhões de pessoas, como se vê na Parada LGBT de São Paulo”, afirmou.

A primeira tentativa de organizar uma parada na orla carioca ocorreu em 1991 e reuniu menos de 30 pessoas. O baixo comparecimento levou integrantes do recém-fundado Grupo Arco-Íris a reavaliar estratégias. O presidente da entidade, Cláudio Nascimento, recorda que a prioridade passou a ser fortalecer a autoestima de quem temia aparecer em público. Entre 1994 e 1995, encontros culturais, tardes de convivência e até um casamento simbólico atraíram centenas de participantes, criando base para a mobilização que viria.

Com a confirmação da conferência internacional, o Arco-Íris assumiu a organização tanto do encontro quanto da marcha final. Recursos vieram de inscrições de delegados estrangeiros, doações de organizações internacionais e apoio logístico de sindicatos. Augusto Andrade, então presidente do grupo, relata que os voluntários chegaram a contrair dívidas pessoais para garantir serviços como trio elétrico e som, mas o resultado superou as expectativas: entre 2 mil e 3 mil pessoas acompanharam os debates diários, culminando na parada que entrou para a história.

Do alto-mar, uma bandeira arco-íris de 124 metros de comprimento virou o principal símbolo do ato. A peça foi pensada para gerar impacto visual e oferecer ao público a chance de participar ativamente. “Queríamos que qualquer pessoa pudesse segurar a bandeira, para que a imprensa não tivesse como ignorá-la”, explica Nascimento.

O êxito no Rio estimulou lideranças a replicar o modelo em outras capitais. A ativista Rosângela Castro lembra que, após 1995, militantes cariocas viajaram pelo país auxiliando na organização de paradas emergentes, entre elas a de São Paulo, inaugurada em 1997. “Foi uma sensação de pertencimento; a partir dali sabíamos que as coisas começariam a mudar”, disse.

Trinta anos depois, Copacabana volta a reunir militantes, turistas e moradores em torno da mesma causa, reafirmando o papel da parada LGBT Rio de Janeiro como catalisadora de visibilidade, cidadania e políticas públicas para a população LGBTI+. A expectativa dos organizadores é repetir a tradição democrática que, desde 1995, leva milhares de pessoas às ruas pela diversidade e pelos direitos civis.

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