
Entre as novidades recentes do catálogo da Netflix, o filme A Hora dos Valentes tem chamado atenção ao combinar comédia de ação, drama psicológico e elementos de buddy movie sem recorrer a fórmulas previsíveis.
Na trama, Mariano, vivido por Luis Gerardo Méndez, é um psicanalista que, após se envolver em um incidente de trânsito, recebe como pena a prestação de serviços comunitários. A punição o leva a atender, contra a própria vontade, um policial emocionalmente abalado e recém-traído, interpretado por Memo Villegas. O encontro, que nasce como obrigação judicial, evolui para uma parceria marcada por tensão, humor e riscos reais.
A dinâmica entre o terapeuta ansioso e o agente endurecido sustenta o ritmo da produção. Mariano é apresentado como um profissional competente, porém inseguro e propenso a erros; já o policial resiste a qualquer tentativa de introspecção, preferindo reprimir a dor. Esse contraste gera sessões de terapia constrangedoras, perseguições inesperadas e momentos em que a confiança entre os dois é colocada à prova.
O roteiro evita idealizar seus protagonistas. Mariano tropeça em falhas profissionais e pessoais, enquanto o policial revela fragilidades por trás da postura rígida. “Coragem, às vezes, é ficar quando tudo pede para fugir”, diz uma das falas centrais do longa, resumindo o tom escolhido pelos roteiristas.
A narrativa começa em tom de comédia de costumes, mas avança para sequências de ação bem coreografadas que não comprometem o desenvolvimento emocional. Segundo a direção, o humor surge das próprias circunstâncias e não de piadas isoladas, o que ajuda a manter a coerência do enredo.
Entre os pontos fortes, críticos destacam a química entre Méndez e Villegas, diálogos enxutos e a transição orgânica entre gêneros. Há, porém, ressalvas sobre coincidências que impulsionam a história e a repetição de alguns conflitos no segundo ato. Mesmo assim, o saldo geral é considerado positivo.
Sem a pretensão de reinventar o gênero, A Hora dos Valentes entrega entretenimento consistente, equilibrando reflexões sobre vulnerabilidade com cenas de perigo palpável. A produção reforça a estratégia da Netflix de diversificar seu portfólio com títulos de médio orçamento capazes de surpreender o público.

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