Abuso infantil responde por 64% das denúncias de crimes online

Relatório da SaferNet Brasil, divulgado em 20 de agosto, mostra que a violência sexual contra crianças e adolescentes domina as notificações de crimes cibernéticos no país. Entre 1º de janeiro e 31 de julho de 2025, a entidade recebeu 49.336 denúncias anônimas de abuso e exploração sexual infantil na internet, número 18,9% superior ao registrado no mesmo intervalo de 2024. Esses registros representam 64% de todas as queixas de crimes online recebidas pela organização no período.

O levantamento confirma o avanço de práticas ilícitas que atingem menores no ambiente digital, incluindo racismo e violência de gênero, mas com predominância do abuso sexual infantil. A SaferNet destaca o uso crescente de inteligência artificial (IA) para produzir ou manipular imagens que retratam crianças em contexto sexual. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) considera crime tanto a divulgação quanto a criação de imagens artificiais ou alteradas que contenham esse tipo de conteúdo.

“A proliferação de aplicativos de IA generativa permite que se pegue a foto de uma pessoa vestida e se tire a roupa daquela pessoa”, alertou Thiago Tavares, fundador e diretor-presidente da SaferNet Brasil. Segundo ele, fotografias hiper-realistas, deepfakes e outras montagens estão cada vez mais acessíveis, o que amplia o potencial de danos.

Para compreender melhor o impacto dessas tecnologias, a organização abriu chamada pública destinada a adolescentes vítimas da criação de imagens não consensuais produzidas com IA. O canal também recebe relatos de pessoas que tenham conhecimento de casos semelhantes. Os depoimentos serão usados na formulação de políticas de proteção mais eficientes.

O relatório aponta ainda um pico de denúncias após o influenciador digital Felca publicar, em 6 de agosto, vídeo denunciando perfis que estimulam a “adultização” de crianças. Entre 6 e 18 de agosto, mais de 6,2 mil registros foram encaminhados à SaferNet; 52% ocorreram depois da divulgação do vídeo. A mobilização reacendeu o debate no Congresso Nacional, que passou a analisar o Projeto de Lei 2.628/2022. A proposta prevê que plataformas digitais adotem medidas para impedir o acesso de menores a conteúdos ilegais ou inadequados.

A SaferNet lembra que qualquer pessoa pode denunciar páginas ou perfis que hospedem material de abuso sexual infantil por meio da Central Nacional de Denúncias — operada em parceria com o Ministério Público Federal — ou pelo Disque 100, em caso de suspeita de violência sexual. O anonimato é garantido.

“Precisamos de respostas rápidas para conter a expansão desses crimes, sobretudo quando a tecnologia facilita a produção de conteúdo”, afirmou Tavares.

Além de campanhas de conscientização, a entidade reforça a importância de pais, responsáveis e educadores acompanharem a navegação de menores e orientarem sobre os riscos de compartilhar imagens pessoais na internet.

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