
Entre janeiro e agosto de 2025, o Rio de Janeiro registrou 20.201 acidentes de trânsito, volume que já excede todo o ano de 2022 e também 2021, segundo levantamento da Secretaria Municipal de Saúde. Os números foram apresentados pelo titular da pasta, Daniel Soranz, durante o seminário “A violência no trânsito e seus indesejáveis efeitos”, realizado segunda-feira (23) pelo Instituto dos Advogados Brasileiros.
Os dados mostram escalada contínua dos sinistros na capital fluminense nos últimos cinco anos: 13.965 ocorrências em 2021, 19.625 em 2022, 24.793 em 2023 e 32.401 em 2024. O crescimento mais expressivo está relacionado ao aumento da frota motorizada, especialmente motocicletas.
Em 2021, foram contabilizadas 5,8 mil quedas de moto; três anos depois, esse total atingiu 12,4 mil. “Os acidentes de moto e as vítimas fatais nesses acidentes têm se multiplicado, sobrecarregando serviços de urgência e emergência”, declarou Soranz. Ele relatou a existência de dezenas de pacientes aguardando cirurgias ortopédicas na rede pública.
Para dimensionar o impacto sobre a saúde pública, o secretário comparou a mortalidade provocada por acidentes de trânsito à de doenças infecciosas: o índice por 100 mil habitantes é até dez vezes superior ao registrado pela dengue na cidade.
A Comissão Permanente de Segurança Viária, liderada pela Secretaria de Saúde e composta por outros dez órgãos municipais, coordena o Plano de Segurança Viária. O documento estabelece como meta reduzir em 50% as mortes no trânsito até 2030, alinhado à iniciativa da Organização Mundial da Saúde para a década.
Entre as ações previstas estão a requalificação de 60 cruzamentos críticos até 2026, a ampliação em 40% dos pontos de controle de velocidade até 2027 e campanhas permanentes de conscientização que devem alcançar todas as escolas municipais até 2028. O plano também pretende cortar em até 30% as internações de motociclistas.
“Além dos óbitos, há um volume expressivo de sequelas permanentes e amputações. O custo social é alto para famílias e para o sistema de saúde”, afirmou o secretário, reforçando a necessidade de políticas integradas de fiscalização, educação e mobilidade urbana para conter os acidentes de trânsito.
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