Aluguel de curta duração cresce e tensiona relação com hotéis no Rio

Apartamento de aluguel de curta duração no Rio de Janeiro com vista para a baía e as montanhas, destacando o crescimento do mercado de aluguel por temporada.

O mercado de aluguel de curta duração no Rio de Janeiro mantém ritmo acelerado de expansão e já provoca disputas com a hotelaria tradicional. Segundo o Secovi Rio, a oferta desse tipo de imóvel aumentou cerca de 20% ao ano e alcançou 25 mil unidades na alta temporada de março de 2025, contra 21,2 mil em abril de 2024.

Empresas especializadas surgiram ou se fortaleceram nesse cenário. A Omar do Rio, criada por Omar Farhat a partir de uma iniciativa caseira em 2013, administra atualmente 380 propriedades e planeja chegar a 400 até dezembro. Com 150 funcionários, a companhia recebe as chaves dos proprietários, define tarifas, publica anúncios em plataformas como Airbnb e Booking e presta assistência aos hóspedes, incluindo limpeza e manutenção. “Problemas podem ocorrer, e estamos estruturados para resolvê-los rapidamente”, afirma Farhat.

Estratégia semelhante é adotada pela Rio Host, da qual Marcio Milech também é diretor jurídico da Associação Brasileira de Locação por Temporada (ABLT). A administradora prepara os imóveis, gerencia reservas, cuida da rotina de limpeza e controla a parte financeira. Para Milech, “a locação por temporada veio para ficar, assim como outros modelos disruptivos de economia”.

O avanço do setor, contudo, é contestado por parte dos moradores e pela rede hoteleira. Tramita na Câmara Municipal um projeto que pretende regulamentar a atividade. Em audiência pública realizada em setembro, representantes dos hotéis defenderam regras claras e equilíbrio tributário. O presidente do sindicato HotéisRIO, Alfredo Lopes, argumenta que o segmento enfrenta “tributação desigual” em relação às plataformas digitais e aponta riscos de conflitos em condomínios sem normas específicas. Ele também vê pressão sobre os valores da locação tradicional em bairros turísticos, como Copacabana.

De acordo com o índice Ivar, medido pela FGV Ibre, os aluguéis residenciais no município subiram 8,45% nos 12 meses encerrados em outubro, acima da média nacional de 5,58%. O levantamento não detalha os fatores que impulsionaram a alta, mas o sindicato hoteleiro associa parte do encarecimento à expansão das estadias de curto prazo.

As plataformas rebatem. Em nota, o Airbnb declarou possuir histórico de cooperação com autoridades de vários países e defendeu que a locação por temporada já está amparada pela Lei do Inquilinato, alertando que restrições poderiam ferir o direito de propriedade. Estudo da FGV citado pela empresa estima que reservas via aplicativo geraram R$ 2,9 bilhões em renda adicional para negócios locais, distribuídos em setores como restaurantes, transporte e lazer.

Para o vice-presidente do Secovi Rio, Leonardo Schneider, a demanda é impulsionada por picos sazonais de Réveillon, Carnaval, grandes shows e eventos esportivos. “Os números são crescentes”, resume. Enquanto o debate sobre regulação avança na Câmara, administradoras e hotéis acompanham de perto um mercado que movimenta viajantes, proprietários e a economia carioca em ritmo acelerado.

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