Ataques em Gaza já mataram 252 jornalistas e destroem imprensa

Cerca de 252 jornalistas em Gaza foram mortos desde o início da ofensiva israelense, há quase dois anos, informou nesta quinta-feira (25) o Sindicato dos Jornalistas da Palestina. O número, considerado o maior massacre de profissionais de mídia em qualquer conflito armado, foi apresentado em reunião online promovida pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) em parceria com a Embaixada da Palestina no Brasil.

O território, que contava com aproximadamente 1,6 mil jornalistas profissionais registrados e mais de 120 veículos de comunicação, perdeu todas as suas instituições de imprensa, segundo o presidente do sindicato, Naser Abu Baker. Além das mortes, a entidade registra mais de 200 prisões, cerca de 400 feridos e a destruição de 647 residências pertencentes a profissionais da mídia.

Entre os episódios mais graves, destacam-se o bombardeio ao Hospital Nasser, em agosto, que resultou em 15 vítimas fatais, incluindo quatro jornalistas – um deles da agência Reuters – e a explosão provocada por um drone que matou cinco profissionais da Al Jazeera, entre eles o repórter Anas Al-Sharif.

Jornalistas palestinos relataram aos colegas brasileiros as condições extremas de trabalho. De tendas instaladas em Khan Yunis, no sul, e nos escombros da Cidade de Gaza, ao norte, eles descreveram rotina de insegurança constante. “Nosso centro de mídia está a 500 metros dos tanques israelenses, com aviões sobrevoando sem parar”, relatou Samir Khalifa.

As condições de vida também se deterioram. Todos os profissionais foram expulsos de suas casas e vivem em acampamentos improvisados junto às famílias. A repórter Ghaida Mohammad, da TV Palestina, destacou a falta de equipamentos de proteção e até de itens básicos para os filhos dos jornalistas: “Não temos sequer leite em pó ou materiais de higiene infantil”, afirmou.

O bloqueio israelense, que restringe a entrada de alimentos, medicamentos e combustíveis, agrava a crise humanitária para a população em geral e dificulta ainda mais a cobertura jornalística. Desde o ataque do Hamas a vilarejos israelenses, em outubro de 2023 – que deixou 1,2 mil mortos e 220 reféns – a Faixa de Gaza enfrenta bombardeios diários, ofensiva terrestre e a destruição de infraestruturas civis como hospitais e escolas. Autoridades de Gaza estimam em mais de 60 mil o número de vítimas entre mortos e feridos.

O sindicato denuncia ainda a proibição de entrada de cerca de 3,4 mil jornalistas estrangeiros no enclave, incluindo 820 dos Estados Unidos. A medida, segundo Tahseen Al-Atsall, vice-presidente da entidade, viola a Resolução 2222 do Conselho de Segurança da ONU, que garante proteção e acesso a profissionais de imprensa em zonas de conflito.

Na Cisjordânia e em Jerusalém, a repressão também atinge comunicadores palestinos. A organização contabiliza mais de 2 mil agressões e aponta a existência de mil postos de controle militares que limitam a circulação interna, tornando a região, nas palavras de Naser Abu Baker, “uma grande prisão” para quatro milhões de habitantes.

Diante do quadro, a presidenta da Fenaj, Samira de Castro, propôs à Federação Internacional dos Jornalistas uma paralisação global em solidariedade aos colegas palestinos e a ampliação do fundo emergencial de segurança da categoria.

A Embaixada de Israel foi procurada para comentar as denúncias, mas não havia respondido até o fechamento deste texto.

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