Azul assegura devolução aos arrendadores de até 30 aviões sem impacto operacional

A Azul Linhas Aéreas informou que o retorno de até 30 aeronaves aos arrendadores, parte do processo de recuperação judicial em curso nos Estados Unidos, não reduzirá a capacidade de transporte da companhia. De acordo com o diretor-presidente John Rodgerson, os jatos a serem devolvidos encontram-se parados e geram custos sem produzir receita.

O executivo explicou que a medida é viabilizada pelo Chapter 11, dispositivo da Lei de Falências norte-americana que permite às empresas reorganizar dívidas sob supervisão do Judiciário. “Estamos eliminando a obrigação de pagar aluguel por aviões que não voltarão a voar”, afirmou Rodgerson durante teleconferência de resultados.

Frota encolhe no papel, mas continua ativa

Atualmente, a Azul opera 180 aeronaves. Com a devolução de até 30 unidades fora de serviço e a chegada de novos equipamentos, a empresa prevê encerrar o processo com cerca de 160 aeronaves efetivamente ativas. Segundo a administração, o plano mantém a malha em níveis semelhantes aos atuais, pois a redução atinge apenas aviões ociosos.

A otimização inclui o encerramento de rotas com baixa demanda. Desde o início do ano, a companhia retirou 14 cidades da malha doméstica, localidades que somavam 0,3% da receita líquida. Foram suspensos voos em Crateús, São Benedito, Sobral e Iguatú (CE); Campos dos Goytacazes (RJ); Correia Pinto e Jaguaruna (SC); Mossoró (RN); São Raimundo Nonato e Parnaíba (PI); Rio Verde (GO); Barreirinhas (MA); Três Lagoas (MS) e Ponta Grossa (PR).

Com a malha redesenhada, a Azul pretende concentrar a oferta nos hubs de Campinas (SP), Confins (MG), Recife (PE) e Porto Alegre (RS), onde a ocupação de assentos é mais elevada. O foco, segundo a companhia, será ampliar rotas de maior rentabilidade, sobretudo internacionais.

Demanda externa impulsiona receitas

Entre janeiro e julho, a oferta de assentos nos voos Brasil–Estados Unidos operados pela Azul cresceu 52% em relação ao mesmo período de 2023. Para 2025, a companhia projeta 1.114 voos entre os dois países, com 279.545 lugares disponíveis; neste ano, são 736 voos e 183.841 assentos.

No segundo trimestre, a receita total avançou 18% ante igual intervalo de 2023. A empresa atribui o resultado a maior utilização de aeronaves em rotas rentáveis e ao câmbio mais favorável para bilhetes internacionais.

Alívio de dívidas e cronograma do Chapter 11

O processo de recuperação iniciado em maio prevê financiamento de US$ 1,6 bilhão, valor destinado a adquirir parte da dívida existente e garantir capital de giro durante a reestruturação. Na sétima audiência, realizada na quinta-feira (14), não houve objeções de credores nem da corte, informou o vice-presidente institucional Fábio Campos.

A Azul apresentará em setembro o plano de reestruturação completo. A expectativa é obter aprovação judicial e encerrar o Chapter 11 até dezembro. “A recuperação serve para remover dívidas assumidas em 2020 e 2021, quando não recebemos aportes governamentais”, declarou Rodgerson.

Dentro desse plano, 12 aeronaves já foram devolvidas e outras podem seguir o mesmo caminho. O montante exato dependerá de negociações com arrendadores e de entregas de novos aviões, mas a administração mantém a previsão de até 30 unidades fora de operação.

Racionalização de custos operacionais

Com a devolução dos jatos ociosos, a Azul reduz pagamentos de leasing, despesas de manutenção em solo e seguro. Essa “empresa mais leve”, nas palavras do CEO, deve melhorar indicadores financeiros e liberar recursos para rotas com maior margem.

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Imagem: Divulgação

A estratégia também contempla ganhos de eficiência. Ao restringir rotas pouco rentáveis, a companhia concentra tripulações, peças e manutenção em bases principais, diminuindo custos logísticos. O corte de voos em cidades menores, embora indesejado, é tratado pela administração como passo necessário para preservar a competitividade.

Perspectivas após a reestruturação

Concluído o Chapter 11, a Azul espera voltar a crescer em ritmo “mais modesto”, sem repetir a expansão acelerada anterior à pandemia. A meta é equilibrar oferta e demanda, mantendo níveis saudáveis de ocupação e geração de caixa.

Analistas acompanham o processo e apontam que o sucesso depende da aprovação do plano pelos credores e da manutenção da procura por viagens, especialmente no mercado internacional. A empresa, por sua vez, reforça que a devolução de aeronaves não comprometerá a malha e trará alívio financeiro imediato.

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