O bicheiro Bernardo Bello, apontado pela polícia como uma das principais lideranças do jogo do bicho no Rio de Janeiro, será submetido a júri popular pelo homicídio de Alcebíades Paes Garcia, o Bid. A decisão foi confirmada pela Justiça fluminense, que rejeitou, de forma unânime, os recursos apresentados pelas defesas de Bello e do ex-policial militar Wagner Dantas Alegre, também réu no processo.
De acordo com a denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), o crime ocorreu em 22 de fevereiro de 2020, período de Carnaval, quando Bid retornava de um desfile na Marquês de Sapucaí, na zona sul da capital. A investigação indica que Bello teria articulado a execução para assegurar domínio sobre pontos de apostas e máquinas caça-níqueis na região, enquanto Alegre, então segurança de confiança, teria sido o autor dos disparos.
O inquérito também cita seguranças de Bid suspeitos de fornecer informações sobre deslocamentos da vítima aos executores. Segundo o MPRJ, o episódio integra uma disputa prolongada por áreas lucrativas do jogo de azar que envolve famílias tradicionais do bicho. Bid era irmão de José Luiz Paes Garcia, o Maninho, morto em 1999, e Bello foi casado com Tamara Garcia, filha de Maninho, fator que adiciona contornos familiares ao conflito.
Desde a expedição dos mandados de prisão, Bello e Alegre permanecem foragidos. A condição de fugitivos, de acordo com a acusação, reforça a complexidade da causa e pode influenciar prazos processuais até que sejam localizados.
Em nota, o MPRJ afirmou que “as provas reunidas apontam evidências contundentes de autoria e motivação”. Já a defesa de Bello sustenta que ele “não participou de qualquer planejamento criminoso” e promete recorrer a instâncias superiores.
O caso, que inspirou parte da trama da série “Os Donos do Jogo”, continua atraindo atenção pública e deve ganhar novo ritmo com a confirmação do julgamento popular.
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