
A Polícia Federal cumpriu na manhã desta sexta-feira (18) dois mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A medida foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da Petição nº 14129, que investiga a participação de Bolsonaro em ações contra a ordem democrática.
Como parte da decisão, o ex-presidente foi conduzido à Secretaria de Estado de Administração Penitenciária para colocação de tornozeleira eletrônica. Entre as restrições impostas, ele não poderá utilizar redes sociais, nem manter contato com outros réus, embaixadores ou diplomatas estrangeiros.
Além disso, está proibido de sair da comarca do Distrito Federal e deverá cumprir recolhimento domiciliar entre 19h e 6h.
A defesa do ex-presidente afirmou, por meio de nota, ter recebido as medidas com “surpresa e indignação”, ressaltando que Bolsonaro sempre cumpriu as determinações judiciais. A equipe jurídica informou que se manifestará após ter acesso completo à decisão.
O Partido Liberal (PL), ao qual Bolsonaro é filiado, também divulgou nota criticando a operação. O presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, declarou que o ex-presidente sempre esteve à disposição das autoridades. Já o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante, lamentou publicamente a decisão judicial.
Investigações em curso contra Bolsonaro
Bolsonaro é alvo de diversas investigações. Entre os principais pontos, está sua suposta participação na elaboração de uma “minuta de golpe”, documento que previa a decretação de estado de sítio e intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O material foi encontrado na residência do ex-ministro da Justiça Anderson Torres e também no celular do ex-ajudante de ordens Mauro Cid.
Outra acusação diz respeito ao conhecimento prévio e suposta anuência com o plano chamado “Punhal Verde Amarelo”, que teria como alvo o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do STF, Alexandre de Moraes.
O ex-presidente também responde por disseminação de informações falsas sobre o sistema eleitoral. Segundo as investigações, ele teria orientado o ex-ministro da Defesa a elaborar um relatório com insinuações de fraudes nas urnas eletrônicas.
Acusações envolvendo joias e relação com os EUA
Há ainda investigações sobre o recebimento e venda de joias entregues por autoridades estrangeiras durante o mandato de Bolsonaro. Algumas dessas peças, que deveriam ter sido integradas ao acervo da Presidência da República, teriam sido vendidas, segundo depoimento de Mauro Cid. O STF classifica esse caso como peculato.
Outro episódio recente envolve Bolsonaro e seu filho Eduardo Bolsonaro. Ambos são suspeitos de articular junto ao governo dos Estados Unidos a adoção de sanções contra o Brasil, em resposta às investigações conduzidas pelo STF. A ação teria contribuído para medidas tarifárias anunciadas à época pelo então presidente norte-americano, Donald Trump.
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