
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou nesta sexta-feira (22) que o governo federal estuda construir uma hidrelétrica binacional com a Bolívia para aproveitar o potencial do Rio Madeira. A iniciativa, apresentada durante evento em Brasília, poderá se tornar a segunda usina compartilhada pelo Brasil, a exemplo de Itaipu, operada em parceria com o Paraguai desde 1984.
“Ampliamos a cooperação técnica com a Bolívia para avaliar o melhor modelo de aproveitamento do Madeira”, afirmou Silveira. Segundo o ministro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já foi informado sobre a proposta e autorizou a continuidade dos estudos.
A ideia de uma nova usina binacional surge no contexto de retomada dos investimentos em geração hídrica. O Ministério de Minas e Energia (MME) voltou a realizar leilões para contratar pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) de até 50 megawatts (MW), interrompidos nos últimos anos.
No certame concluído nesta sexta, foram contratados 816 MW de potência, com deságio médio de 3,16%. O montante assegura garantia física de 466 MW médios, a preço médio de R$ 392 por megawatt-hora. Ao todo, 65 projetos venceram a disputa, somando investimentos estimados em R$ 8 bilhões.
Os empreendimentos contemplarão 13 estados. Santa Catarina concentra 27 projetos, seguida pelo Paraná (11) e Rio Grande do Sul (7). Mato Grosso receberá seis usinas, Goiás quatro, enquanto Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro terão duas cada. Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Rondônia, Espírito Santo e Pernambuco contarão com um projeto cada. A Região Sul absorveu 45 das 65 PCHs habilitadas.
De acordo com o MME, o leilão registrou recorde de interesse: 241 propostas qualificadas, totalizando 3 GW de potência ofertada. “Este resultado marca a retomada da indústria hidrelétrica no Brasil e representa um passo relevante para uma transição energética justa e inclusiva”, destacou Silveira.
O ministério não divulgou prazos para conclusão dos estudos da hidrelétrica binacional no Rio Madeira, mas confirmou que equipes técnicas dos dois países avaliarão critérios ambientais, engenharia, custos e modelo de financiamento.
Se confirmada, a parceria Brasil–Bolívia ampliará a participação da fonte hídrica na matriz elétrica, que hoje soma cerca de 60% da capacidade instalada nacional, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética.
Além das PCHs e da possível usina no Madeira, o MME estuda novos mecanismos de contratação para estimular projetos de maior porte e diversificar a geração renovável.
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