Brasil destina US$ 1 bi a fundo global de florestas tropicais

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta terça-feira (23), em Nova York, um aporte brasileiro de US$ 1 bilhão ao Tropical Forest Forever Facility (TFFF), mecanismo internacional criado para incentivar a conservação de florestas tropicais. A declaração ocorreu durante evento organizado pelo governo brasileiro e pelo secretariado da Organização das Nações Unidas.

Segundo Lula, o país será “o primeiro a comprometer recursos” no fundo e pretende atrair contribuições “igualmente ambiciosas” de outros governos antes da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), prevista para novembro em Belém (PA). O chefe do Executivo afirmou que o TFFF “vai mudar o papel dos países de florestas tropicais no enfrentamento da mudança do clima por meio de incentivos econômicos reais”.

O Fundo Florestas Tropicais para Sempre foi idealizado pelo Brasil e apresentado pela primeira vez em 2023, durante a COP28, em Dubai. A estrutura prevê a captação inicial de US$ 25 bilhões em capital júnior de Estados signatários. Esse montante funcionará como alavanca para mobilizar, na iniciativa privada, até US$ 125 bilhões destinados à preservação de ecossistemas tropicais na América do Sul, África e Ásia.

De acordo com o modelo proposto, os rendimentos formados pelo fundo serão distribuídos anualmente entre os investidores e os países que comprovarem a manutenção de suas florestas em pé. “Não haverá solução possível sem o protagonismo de quem vive nelas”, ressaltou Lula ao defender a participação de povos indígenas e comunidades locais na governança.

O TFFF já conta com o apoio de Colômbia, Gana, República Democrática do Congo, Indonésia e Malásia, na condição de nações detentoras de florestas, além de Alemanha, Emirados Árabes Unidos, França, Noruega e Reino Unido como potenciais financiadores.

Para Karen Oliveira, conciliadora da Coalizão Brasil e diretora de políticas públicas da The Nature Conservancy, a proposta poderá “garantir uma remuneração média por hectare preservado” para países amazônicos e africanos. Ela acrescentou que China, Noruega, Reino Unido e Emirados Árabes avaliam aportes iniciais para viabilizar o lançamento formal na COP30.

O diretor de políticas públicas da Conservação Internacional no Brasil, Gustavo Souza, calcula que a nova ferramenta pode injetar até US$ 2 bilhões por ano somente na Amazônia. “Hoje existe uma lacuna de aproximadamente US$ 7 bilhões anuais para financiar a região; conseguimos cerca de 10% disso na última década”, afirmou.

Ao posicionar-se como primeiro financiador, o Brasil pretende acelerar o fechamento dessa lacuna e reforçar seu papel de liderança em políticas de conservação. A expectativa do Itamaraty é concluir, até novembro, o desenho institucional e os critérios de distribuição de recursos do fundo de florestas tropicais.

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