Brasil detalha novos mecanismos de financiamento climático na ONU durante evento

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, conduziram nesta terça-feira (23) um diálogo de alto nível sobre o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) durante a 80ª Assembleia Geral da ONU. A iniciativa integra o Evento Especial de Ação Climática e concentra-se em expandir fontes de financiamento climático.

Além do TFFF, foi apresentada a proposta de criação de uma coalizão de mercados de crédito de carbono. Segundo o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), os dois mecanismos devem atuar de forma complementar, remunerando países que comprovem resultados na conservação de florestas tropicais ou em ações de captura de gases de efeito estufa.

O plano do governo brasileiro prevê um aporte inicial de US$ 25 bilhões em capital júnior, proveniente de Estados investidores, até a COP30, marcada para novembro de 2025 em Belém. A expectativa é que esse montante atraia mais US$ 100 bilhões em capital sênior do setor privado nos anos seguintes.

“Não se trata de doação, e sim de uma operação com lógica de mercado, capaz de alavancar recursos privados a partir de investimentos públicos”, afirmou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Ela explicou que, para cada dólar aplicado por governos, a meta é mobilizar aproximadamente quatro dólares do setor privado, formando um fundo fiduciário permanente.

O modelo estabelece repasse de US$ 4 bilhões por hectare preservado de floresta tropical. Ao todo, 74 países poderão receber recursos, desde que comprovem a manutenção da cobertura florestal por monitoramento via satélite e destinem 20% dos valores a povos indígenas e comunidades tradicionais.

Lançado em 2023 por iniciativa do Brasil, o TFFF já tem adesão de cinco países detentores de florestas tropicais — Colômbia, Gana, República Democrática do Congo, Indonésia e Malásia — e conta com potencial aporte de Alemanha, Emirados Árabes Unidos, França, Noruega e Reino Unido.

Embora não seja um instrumento formal da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), o fundo contribui diretamente para metas de redução de emissões, preservação da biodiversidade e manutenção dos serviços ecossistêmicos, destacou o assessor especial de Economia e Meio Ambiente do MMA, André Aquino.

Os debates em Nova York incluem ainda painéis sobre mitigação, adaptação, integridade de dados e novas formas de financiamento climático. As recomendações resultantes serão compiladas em relatório a ser apresentado na quarta-feira (24), servindo de subsídio para as negociações da COP30.

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