
Brasil e Moçambique assinaram nesta segunda-feira (24), em Maputo, nove atos de cooperação destinados a ampliar a capacidade institucional moçambicana em desenvolvimento, saúde, educação, diplomacia, empreendedorismo, promoção comercial, aviação civil, assistência jurídica e serviços agroflorestais.
Durante declaração conjunta no Palácio Presidencial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou que pretende recuperar a atuação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no financiamento de empresas brasileiras no exterior. “Para exportar serviços, o Brasil precisa oferecer crédito competitivo, como já ocorreu por meio do BNDES”, afirmou.
A assinatura dos acordos ocorre no ano em que se celebram 50 anos de relações diplomáticas entre Brasil e Moçambique, ambos integrantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). A atual visita marca mais um passo da política externa brasileira de reaproximação com nações africanas, iniciada em 2023.
Moçambique é o principal beneficiário da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) no continente, com 67 projetos formalizados desde 2015 em áreas como saúde, agricultura e formação profissional. O governo brasileiro considera o país africano estratégico para iniciativas que combinem cooperação para o desenvolvimento e expansão de negócios.
Além dos atos de cooperação, a agenda incluiu um fórum empresarial voltado a agronegócio, indústria, inovação e saúde. O comércio bilateral totalizou US$ 40,5 milhões em 2024, com exportações brasileiras de US$ 37,8 milhões — lideradas por carnes de aves — e importações de US$ 2,7 milhões, basicamente tabaco processado.
No campo da saúde, Lula citou o projeto de fortalecimento do complexo industrial brasileiro para retomar a produção de fármacos em território moçambicano. Já na educação, o Ministério da Educação e a ABC oferecerão, a partir de 2026, até 80 vagas em cursos de ciências agrárias e 400 vagas em cursos técnicos de agropecuária para colaboradores do país africano. A Embrapa contribuirá com o treinamento de técnicos locais.
Segundo o presidente brasileiro, também há espaço para parcerias em preservação de florestas, transição energética, produção audiovisual e combate ao crime organizado. Ele mencionou a disposição da Polícia Federal em compartilhar experiência no rastreamento de ativos ilícitos e no enfrentamento à lavagem de dinheiro.
“Com tecnologia adequada, podemos ampliar a produtividade da savana africana sem comprometer o meio ambiente”, declarou Lula ao destacar a cooperação agrícola. O presidente moçambicano, Daniel Chapo, agradeceu o apoio e disse que os novos instrumentos “contribuem para o desenvolvimento econômico e social do nosso país”.
A comitiva brasileira chegou a Maputo após a participação de Lula na Cúpula de Líderes do G20, em Joanesburgo. Ainda na capital moçambicana, o chefe de Estado receberá o título de doutor honoris causa da Universidade Pedagógica de Maputo antes de retornar a Brasília.
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