Brasil negocia lenacapavir, nova PrEP semestral contra HIV no SUS

Imagem de uma seringa com vacina Lenacapavir, uma nova PrEP semestral contra HIV em fase de negociação no Brasil, destaque para o medicamento e o contexto de saúde pública.

O Ministério da Saúde pretende incluir no Sistema Único de Saúde (SUS) o lenacapavir, medicamento injetável de PrEP de longa duração administrado a cada seis meses para prevenção do HIV. A sinalização foi feita pelo ministro Alexandre Padilha em 1º de dezembro, durante evento em Brasília que marcou o Dia Mundial de Luta contra a Aids.

Desenvolvido pela farmacêutica Gilead, o lenacapavir ainda aguarda registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Enquanto isso, o governo negocia preço e transferência de tecnologia. Segundo Padilha, a oferta apresentada ao mercado internacional — cerca de US$ 40 por dose para países de renda muito baixa — exclui na prática o Brasil e outras nações de renda média. Nos Estados Unidos, o custo anual previsto supera US$ 28 mil por pessoa.

“Queremos participar da transferência de tecnologia desse produto para o Brasil”, declarou o ministro, ao ressaltar que a formulação tem potencial para resolver dificuldades de adesão enfrentadas por públicos jovens e populações vulneráveis que hoje dependem de comprimidos diários.

Dados preliminares de estudos clínicos indicam alta eficácia do lenacapavir na prevenção da infecção. Caso a incorporação se confirme, o país ampliará a atual oferta de métodos preventivos, que já inclui preservativos, Profilaxia Pré-Exposição oral (PrEP) e Profilaxia Pós-Exposição (PEP).

Entidades da sociedade civil pedem medidas mais incisivas se as negociações não avançarem. Para a representante da Articulação Nacional de Luta contra a Aids, Carla Almeida, o governo deve “considerar o licenciamento compulsório e a quebra de patentes” caso não haja acordo viável.

Avanços recentes na resposta ao HIV/Aids

Desde 2023, o número de usuários da PrEP oral cresceu mais de 150%, chegando a 140 mil pessoas. O Ministério da Saúde também adquiriu 190 milhões de preservativos texturizados e sensitivos para estimular o uso entre jovens, público que tem reduzido a adoção do método.

Na testagem, foram comprados 6,5 milhões de duo testes de HIV e sífilis, um aumento de 65% em relação ao ano anterior, além de 780 mil autotestes distribuídos na rede pública. O país oferece terapia antirretroviral gratuita a todas as pessoas diagnosticadas; mais de 225 mil utilizam hoje o comprimido único de lamivudina com dolutegravir.

Essas ações aproximam o Brasil das metas globais 95-95-95 da ONU, já alcançadas em duas das três metas. O boletim epidemiológico divulgado no mesmo evento registrou queda de 13% nos óbitos por aids entre 2023 e 2024, com 9,1 mil mortes — o menor número em três décadas. Houve também redução de 1,5% nos casos notificados, de 37,5 mil para 36,9 mil.

Outro destaque foi o avanço rumo à eliminação da transmissão vertical do HIV. O relatório submetido à Organização Mundial da Saúde em julho deve ser confirmado em dezembro, podendo tornar o Brasil o maior país do mundo a alcançar esse status.

Enquanto aguarda o registro sanitário do lenacapavir, o Ministério da Saúde continua a pressionar a fabricante por um valor compatível com programas públicos e por um acordo de produção local. A decisão final sobre a inclusão da PrEP de longa duração no SUS deverá considerar custo, eficácia e impacto na adesão dos usuários.

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