
O Ministério da Saúde lança nesta quinta-feira, 13 de novembro, durante a COP30 em Belém, o primeiro plano internacional voltado à adaptação dos sistemas de saúde aos efeitos do clima. A iniciativa estabelece diretrizes para que países reforcem a capacidade do SUS e de estruturas equivalentes frente a enchentes, secas, ondas de calor e outras consequências das mudanças climáticas.
A elaboração do documento foi conduzida pelo Brasil em parceria com Reino Unido, Egito, Azerbaijão e Emirados Árabes Unidos, grupo que sediou as últimas conferências da ONU sobre clima. Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o texto passou por consultas públicas e reuniões temáticas desde sua apresentação preliminar em maio, na Assembleia Mundial da Saúde, em Genebra. “Esperamos que dezenas de nações assumam formalmente o compromisso de aplicar o plano”, afirmou.
O ministério destaca que eventos climáticos extremos já pressionam serviços de saúde, ampliando a incidência de dengue, doenças respiratórias e mortes relacionadas ao calor. A estratégia nacional busca integrar políticas de saúde e clima, tema que o governo pretende manter nas negociações internacionais. Para Padilha, “a saúde é a face mais crítica das mudanças climáticas e pode mobilizar a sociedade na adaptação”.
O lançamento ocorrerá no dia dedicado à saúde da COP30, na Zona Azul, espaço oficial de negociações. A adesão de cada país é voluntária, mas o Brasil planeja defender a pauta em fóruns globais.
O plano de adaptação do SUS inclui três eixos principais. O primeiro prevê monitoramento de indicadores como variações de temperatura e seus reflexos no padrão de adoecimento. O segundo orienta a construção de unidades de saúde preparadas para operar durante desastres, com reservas de água, energia e conectividade. Já o terceiro foca na assistência contínua às populações mais vulneráveis, garantindo exames, cirurgias e acompanhamento próximo.

Um projeto-piloto será aplicado na reconstrução dos serviços de saúde de Rio Bonito do Iguaçu (PR), atingido por tornado no fim de semana. As futuras “unidades resilientes” terão estrutura capaz de resistir a fenômenos extremos e sistemas de informação protegidos contra falhas de energia ou internet.
Para financiar as ações, o governo planeja redirecionar recursos já previstos no orçamento, atrair investimentos privados e buscar apoio de bancos multilaterais. O Brasil já captou cerca de US$ 160 milhões para projetos de adaptação em saúde e prepara solicitação de mais de US$ 350 milhões ao Novo Banco de Desenvolvimento, do Brics, destinados à construção de “hospitais inteligentes” para urgência e emergência, aptos a operar mesmo durante catástrofes climáticas.

Faça um comentário