Após dez anos, chikungunya ainda desafia controle efetivo no Brasil

Mais de uma década depois da identificação dos primeiros casos, o vírus da chikungunya continua a preocupar autoridades sanitárias brasileiras. O alerta foi feito pela reumatologista Viviane Machicado Cavalcante, presidente da Sociedade Baiana de Reumatologia, durante conferência no Congresso Nacional de Reumatologia, realizado no Centro de Convenções de Salvador (BA).

Segundo a especialista, o maior obstáculo é o combate ao mosquito Aedes aegypti e ao Aedes albopictus, vetores que se proliferam em áreas com deficiências de saneamento. “Ainda faltam ambulatórios suficientes na rede pública para acompanhar esses pacientes”, afirmou.

Dados do Ministério da Saúde indicam que, até 17 de setembro de 2025, o Brasil registrou 121.803 casos da doença e 113 mortes. O Nordeste concentrou as primeiras notificações, mas o vírus já se espalhou por todas as regiões, com sete grandes ondas epidêmicas ao longo dos últimos dez anos. Em 2024, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul lideraram o número de infecções.

A preocupação não se restringe ao território nacional. Alerta recente da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) apontou surtos expressivos em Bolívia, Paraguai e partes do Caribe. Entre 1º de janeiro e 9 de agosto de 2025, 14 países das Américas somaram 212.029 casos suspeitos e 110 óbitos, sendo mais de 97% na América do Sul. A agência ressaltou que a circulação simultânea de outros arbovírus, como dengue e zika, amplia o risco de complicações graves.

No campo da prevenção farmacológica, o Instituto Butantan desenvolveu, em parceria com a farmacêutica Valneva, uma vacina contra chikungunya de vírus vivo atenuado. O imunizante recebeu aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em abril de 2025 para uso em adultos. No entanto, em agosto, a Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, suspendeu a licença do mesmo produto após relatos de efeitos adversos graves, incluindo hospitalizações e óbitos. A decisão norte-americana pode levar a Anvisa a revisar sua autorização.

Os sintomas mais comuns da infecção incluem febre alta, dor intensa nas articulações, cefaleia, mialgia, calafrios, dor retro-ocular e manchas vermelhas na pele. Em parte dos casos, a dor articular torna-se crônica e persiste por anos, impactando a qualidade de vida dos pacientes.

Como ainda não há tratamento específico nem vacina disponível na rede pública, a recomendação central continua sendo o controle do vetor da chikungunya: eliminar água parada em pneus, vasos de plantas, garrafas e caixas-d’água, locais onde o mosquito deposita ovos. Medidas de saneamento básico e campanhas contínuas de conscientização são apontadas por especialistas como essenciais para reduzir novos surtos.

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