
A frase popular “boleto bom é boleto pago” reflete a realidade de muitos brasileiros. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o nível de endividamento e inadimplência continua elevado no país. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) revelou que, em novembro, 79,2% das famílias relataram ter alguma dívida a vencer. Este é o primeiro recuo em nove meses desse indicador.
Entre as famílias endividadas, 30% afirmam estar com dívidas em atraso, enquanto 12,9% não têm condições de pagar as parcelas. Além disso, o Serasa aponta que mais de 70 milhões de consumidores estão com o nome negativado.
Feirões de Renegociação de Dívidas
Para auxiliar os brasileiros a quitarem suas dívidas, instituições financeiras promovem feirões de renegociação, como o Feirão Serasa Limpa Nome. Esses eventos ocorrem periodicamente e oferecem oportunidades para que os devedores regularizem sua situação financeira.
Antes de iniciar o processo de renegociação, é fundamental que o consumidor compreenda sua situação financeira. Isso inclui:
– Identificar todas as dívidas: Saber exatamente o que deve.
– Simular cenários: Avaliar diferentes opções de pagamento.
– Fechar acordos realistas: Considerar a capacidade de pagamento.
– Verificar a titularidade da dívida: Confirmar se a dívida foi vendida para outra instituição.
Direitos e Oportunidades na Renegociação
Especialistas afirmam que todos têm o direito de renegociar suas dívidas. Durante esse processo, é comum encontrar propostas que incluem:
– Descontos sobre juros e multas: Principalmente para pagamentos à vista.
– Redução de taxas de juros: Quando o contrato é refeito.
– Troca de dívidas: Substituir uma dívida mais cara por uma mais barata.
Henrique Soares, planejador financeiro CFP, destaca que a negociação é vantajosa para ambas as partes: o credor deseja receber e o devedor quer regularizar sua situação. Contudo, ele ressalta que raramente há desconto sobre o valor principal da dívida, sendo mais comum a negociação de encargos.
Como Proceder na Renegociação
Soares sugere um passo a passo para organizar as finanças:
1. Avaliar a situação financeira: Compreender todas as dívidas e a capacidade de pagamento.
2. Negociar propostas: Escolher a opção que melhor se encaixa no orçamento.
3. Formalizar acordos: Registrar o acordo por escrito para garantir segurança jurídica.
Heber Ricardo Bobeck, assessor de investimentos, reforça que o pagamento à vista é a melhor alternativa. Caso não seja viável, é essencial escolher uma parcela que caiba no orçamento.
Implicações de Ter o Nome Sujo
Ter o nome negativado traz diversas consequências financeiras. Isso pode dificultar o acesso ao crédito, afetando:
– Financiamentos imobiliários e de veículos.
– Cartões de crédito e empréstimos.
– Serviços pós-pagos, como telefonia.
Além disso, algumas empresas consultam o histórico financeiro durante processos seletivos, o que pode ser um obstáculo na busca por emprego. No entanto, a negativação não impede viagens internacionais ou a obtenção de passaporte.
Sobre a Caducidade das Dívidas
Os especialistas esclarecem que as dívidas caducam após cinco anos do vencimento, deixando de constar nos cadastros de inadimplência, como SPC e Serasa. Contudo, isso não significa que a dívida desaparece. O credor ainda pode tentar cobrar o valor de forma amigável. Se houver renegociação ou pagamento parcial, o prazo de cinco anos é reiniciado.
Soares alerta que deixar a dívida caducar não deve ser uma estratégia, pois, embora limpe o nome no sistema, não resolve a situação financeira.
Programas de Renegociação Disponíveis
Atualmente, existem diversos programas de renegociação no mercado. É importante que os consumidores se informem sobre as opções disponíveis e busquem a que melhor se adapta à sua realidade financeira.

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