A produção brasileira de grãos pode superar, pela segunda temporada seguida, a marca histórica registrada no ciclo 2024/2025. A 13ª edição do estudo Perspectivas para a Agropecuária 2025/2026, divulgada nesta quinta-feira (18) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), projeta colheita de 353,8 milhões de toneladas, 1 % acima do recorde atual de 350,2 milhões de toneladas.
O aumento previsto se apoia principalmente na expansão da área cultivada, que deve passar de 81,74 milhões para 84,24 milhões de hectares. Mesmo com avanço de 3 % na extensão plantada, a produtividade média nacional tende a cair 2 % e ficar em 4.199 quilos por hectare, reflexo do patamar excepcional obtido na safra passada.
“Apresentamos números conservadores, mas dentro de uma possibilidade real. Nosso objetivo é manter a responsabilidade e a assertividade das estimativas”, afirmou o presidente da Conab, Edegar Pretto, ao detalhar o levantamento. O primeiro relatório de campo sobre a nova temporada será publicado em 14 de outubro.
Desempenho por cultura
Soja: principal grão cultivado no país, deve somar 177,67 milhões de toneladas, avanço de 3,6 % sobre as 171,47 milhões colhidas em 2024/2025. A Conab atribui o incremento à demanda internacional aquecida, que sustenta a expansão da área.
Algodão: favorecida por boa rentabilidade e venda antecipada, a cultura tende a crescer 3,5 % em área e 0,7 % em volume, atingindo 4,09 milhões de toneladas, novo recorde.
Milho: apesar de previsão de maior área semeada nas primeira e segunda safras, a produção total deve recuar 1 % e ficar em 138,3 milhões de toneladas. O recuo decorre da base elevada da colheita anterior e do provável aumento do consumo interno para etanol, além de possível redirecionamento de compras asiáticas para o milho sul-americano.
Arroz: queda de área nos principais estados produtores reduzirá o plantio de 1,76 milhão para 1,66 milhão de hectares. Aliado a uma produtividade 4,8 % menor, o cenário indica retração na oferta, influenciada pelo excedente global registrado em 2024/2025.
Feijão: a produção estimada em 3,1 milhões de toneladas é considerada suficiente para atender à demanda doméstica.
Cenário externo e desafios
A ministra substituta do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Fernanda Machiaveli, comemorou as projeções durante o evento. Segundo ela, “o Brasil terá mais uma safra recorde em meio a mudanças climáticas e crises geopolíticas, mantendo mercados atuais e buscando novos destinos para uma produção cada vez mais sustentável”.
A Conab reforçou que as estimativas podem mudar ao longo dos 12 levantamentos previstos até o fim do ciclo 2025/2026, conforme fatores climáticos e de mercado evoluam. Ainda assim, o estudo coloca o país no caminho para consolidar um novo recorde de produção de grãos, com soja, algodão e milho respondendo pela maior parte do crescimento esperado.
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