Em Brasília, conferência cobra políticas públicas abrangentes para todas as mulheres

Quase quatro mil delegadas encerraram, nesta quarta-feira (1º), a 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (CNPM), em Brasília, com um apelo claro: que o Estado formule ações que contemplem todas as “mulheridades” – termo adotado para destacar a diversidade de identidades femininas no país.

Realizado sob o lema “Mais democracia, mais igualdade, mais conquistas para todas”, o encontro discutiu, durante três dias, estratégias de enfrentamento às desigualdades sociais, econômicas e raciais, fortalecimento da presença feminina em espaços de poder, combate a todas as formas de violência de gênero e ampliação das políticas de cuidado.

Mulheres negras, indígenas, quilombolas, com deficiência, lésbicas, bissexuais, trans, ciganas, migrantes, moradoras do campo, das águas e das cidades apresentaram reivindicações específicas, reforçando a necessidade de políticas públicas que considerem recortes de raça, classe, território, orientação sexual e deficiência.

A pluralidade foi visível nos corredores. A enfermeira maranhense Dalvilene Cardoso, representante de um coletivo de mulheres com deficiência, pediu o fim da jornada 6×1 e maior valorização profissional. “Queremos menos violência e mais educação para decidir nossos rumos”, afirmou. Já a estudante de direito Ana Eva dos Santos, de 24 anos, destacou a urgência de medidas que protejam pessoas trans em situação de rua e condição de vulnerabilidade socioeconômica.

O conceito de “mulheridades” permeou as falas ao longo do evento. De Jundiaí (SP), Mayara Alice Zambon lembrou que o feminismo só avança se incorporar todas as experiências femininas. “Mulheres são mulheres em sua totalidade”, disse, citando a perspectiva interseccional que relaciona raça, sexualidade, deficiência e classe social.

As propostas aprovadas nesta edição serão incorporadas ao Plano Nacional de Políticas Públicas para Mulheres e devem orientar futuras ações do governo federal voltadas às mais de 100 milhões de brasileiras. A ministra das Mulheres, Marcia Lopes, ressaltou que a mobilização não se encerra com o término da conferência: “Este processo continua nos territórios, até a realização da 6ª CNPM”.

O evento terminou com todas as participantes entoando, em uníssono, “Maria, Maria”, de Milton Nascimento e Fernando Brant, simbolizando a força coletiva que marcou a conferência. As deliberações agora seguem para análise técnica, com o objetivo de transformar as demandas apresentadas em políticas públicas efetivas para todas as mulheres do país.

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