
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta terça-feira, em Nova York, a criação de um conselho climático da ONU com autoridade para acompanhar e cobrar o cumprimento de metas de redução de emissões. A proposta foi apresentada durante o discurso de abertura da 80ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Lula argumentou que o combate ao aquecimento global precisa ocupar o centro da agenda multilateral. O novo órgão, vinculado à Assembleia Geral, teria, segundo ele, “força e legitimidade para monitorar compromissos e dar coerência à ação climática”.
Ao destacar que 2024 se tornou o ano mais quente já registrado, o presidente advertiu que “bombas e armas nucleares não vão nos proteger da crise climática”. Ele chamou a 30ª Conferência da ONU sobre Mudança do Clima, marcada para novembro de 2025 em Belém, de “COP da verdade”, momento em que os líderes mundiais deverão demonstrar a seriedade de seus compromissos.
Lula cobrou que todos os governos apresentem Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) mais ambiciosas. O Brasil elevou sua meta de corte de emissões para intervalo de 59% a 67% até 2035. De acordo com dados do Itamaraty, apenas 29 países já formalizaram novos compromissos. “Sem as NDCs, caminharemos de olhos vendados para o abismo”, alertou.
O presidente também ressaltou a necessidade de equilíbrio entre responsabilidades de nações desenvolvidas e em desenvolvimento. Ele lembrou que o Brasil reduziu em 50% o desmatamento na Amazônia nos últimos dois anos e afirmou que, em Belém, o mundo “conhecerá a realidade da floresta”.
Para reforçar a proteção dos biomas tropicais, o governo brasileiro pretende lançar o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, mecanismo que visa remunerar países que mantêm suas florestas em pé. Lula classificou o instrumento como essencial ao desenvolvimento sustentável e ao cumprimento das metas climáticas globais.
A proposta do conselho climático, a cobrança por NDCs mais ousadas e o anúncio do fundo para florestas serão levados pelo Brasil às próximas negociações internacionais, com o objetivo de acelerar respostas concretas ao aquecimento global.
Faça um comentário