O Ministério da Saúde iniciou nesta quarta-feira (17) a Consulta Pública nº 78 para avaliar a inclusão da vacina contra herpes zóster no Programa Nacional de Imunizações (PNI). A proposta contempla dois grupos: pessoas imunocomprometidas a partir de 18 anos e idosos com 80 anos ou mais.
Contribuições podem ser enviadas até 6 de outubro, por meio da plataforma Participa + Brasil. Qualquer cidadão pode preencher o formulário eletrônico e anexar até dois arquivos com sugestões ou documentos de apoio. Não é permitido inserir dados pessoais sensíveis nem material de terceiros sem autorização.
Depois do prazo, as manifestações serão examinadas pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), responsável por recomendar ou não a incorporação do imunizante ao SUS. Os relatórios técnicos que embasam a análise já estão disponíveis para leitura pública.
Efetividade e segurança
A vacina recombinante adjuvada contém a proteína gE do vírus varicela-zóster combinada ao adjuvante AS01B, o que estimula a resposta imunológica. Aplicada por via intramuscular em duas doses de 0,5 mL, com intervalo de dois meses, ela apresentou eficácia superior a 80% tanto na prevenção da doença quanto da neuralgia pós-herpética (NPH), complicação caracterizada por dor crônica.
Os eventos adversos mais relatados foram dor no local da aplicação, cansaço, mialgia, cefaleia e febre, geralmente leves ou moderados. Segundo a Conitec, o perfil de segurança foi considerado aceitável.
Impacto orçamentário
O principal obstáculo apontado pela comissão é o custo estimado de R$ 5,2 bilhões em cinco anos. Para o colegiado, o benefício adicional oferecido pela vacina não seria suficientemente expressivo para justificar esse gasto no curto prazo. A avaliação econômica será reexaminada após o encerramento da consulta pública.
Contexto da doença
Conhecido popularmente como cobreiro, o herpes zóster resulta da reativação do vírus que causa a catapora. Entre 2008 e 2024, o SUS registrou mais de 85 mil atendimentos ambulatoriais e 30 mil internações por essa infecção. No mesmo período, 1.567 óbitos foram associados à doença, a maioria em pessoas com 50 anos ou mais.
No sistema público, o tratamento atual inclui antivirais como aciclovir e medicamentos para controle da dor, entre eles amitriptilina, carbamazepina e lidocaína em gel. A eventual oferta da vacina contra herpes zóster visa reduzir tanto a incidência da doença quanto suas complicações.
Após a análise das contribuições, o Ministério da Saúde publicará a decisão final sobre a incorporação ou não do imunizante ao calendário do Programa Nacional de Imunizações.
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