
O Palácio do Planalto confirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aceitou uma proposta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para uma conversa na próxima semana. A iniciativa partiu do chefe da Casa Branca durante um encontro inesperado, na terça-feira (23), nos corredores da sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, onde ambos participam da 80ª Assembleia Geral.
De acordo com a assessoria brasileira, a abordagem foi breve e cordial. Trump sugeriu a reunião e Lula respondeu afirmativamente. Equipes dos dois governos agora analisam a logística necessária, ainda sem definir se o contato ocorrerá de forma presencial ou por telefone.
Minutos depois, em seu pronunciamento na assembleia, o presidente norte-americano mencionou publicamente o episódio. “Nos abraçamos. Foram cerca de 20 segundos e concordamos em conversar na próxima semana”, afirmou, classificando Lula como “um homem muito agradável”. A fala surpreendeu delegações porque foi feita em meio a tensões comerciais entre os dois países.
Desde julho, Washington elevou tarifas sobre produtos brasileiros, impôs sanções a autoridades e expressou críticas a decisões do Judiciário nacional. Apesar desse contexto, Trump disse à plateia que a “química” com Lula foi excelente e sugeriu que Brasil e Estados Unidos podem ter benefícios se atuarem conjuntamente.
Lula, por sua vez, não mencionou o rápido encontro quando abriu os discursos da assembleia, tradição a cargo do Brasil desde 1947. Sem citar nomes, criticou sanções unilaterais e advertiu para o risco de uma “desordem internacional marcada por atentados à soberania”. Para o presidente brasileiro, o multilateralismo vive “nova encruzilhada” diante de intervenções sem amparo em organismos multilaterais.
Com a confirmação da conversa Lula e Trump, diplomatas acompanham se o diálogo poderá amenizar o atual atrito comercial. Fontes no Itamaraty afirmam que o principal objetivo, por ora, é “restabelecer canais diretos” entre os dois líderes antes de qualquer discussão temática.
Nos próximos dias, assessores devem alinhar data, formato e pauta do encontro. O Planalto não divulgou agenda detalhada de Lula para a semana seguinte, mas indicou que o presidente permanecerá nos Estados Unidos após a Assembleia Geral para compromissos bilaterais.
A expressão “conversa Lula e Trump” voltou a circular com força em meios diplomáticos, reforçando a expectativa de que a interlocução possa delinear os rumos da relação comercial nos próximos meses.
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