COP30 em Belém prioriza financiamento, transição justa e adaptação climática

Panfleto do evento COP30 na Amazônia em Belém em 2025, destacando temas de financiamento, transição justa e adaptação climática.
Foto: Ilustrativa

Belém tornou-se, nesta segunda-feira (10), a capital provisória do Brasil e palco central das discussões globais sobre mudança do clima. Até 21 de novembro, a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro da ONU (COP30) reúne delegações de 194 países e da União Europeia com o objetivo de avançar em três eixos considerados decisivos: financiamento, transição justa e adaptação.

A organização estima a presença de mais de 50 mil participantes, entre negociadores, cientistas, representantes de governos, sociedade civil e movimentos sociais. A edição marca a primeira realização de uma COP na Amazônia, bioma decisivo para a regulação do clima mundial.

Financiamento como nó crítico

O impasse histórico sobre recursos domina as conversas. Países desenvolvidos prometeram aportar fundos para ajudar na redução de emissões e na preparação de nações mais vulneráveis, porém as transferências não se materializaram no volume esperado. Para destravar o tema, as presidências da COP29 e COP30 divulgaram o “Mapa do Caminho de Baku a Belém”, que projeta viabilizar US$ 1,3 trilhão anuais em financiamento climático.

Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, resume o sentimento: “O dinheiro prometido nunca chegou e isso gerou uma crise de confiança”. Segundo ele, a definição de valores, prazos e fontes é condição para qualquer acordo substantivo.

Transição justa sob holofotes

Outro ponto central é estruturar um programa oficial para a transição energética e econômica que considere trabalhadores e comunidades afetadas pela descarbonização. A expectativa é que se aprove um plano de trabalho com diretrizes sobre capacitação profissional, proteção social e cronograma de redução de combustíveis fósseis, responsáveis por cerca de 75% das emissões globais de gases de efeito estufa, de acordo com a plataforma Climate Watch.

Meta de adaptação ganha indicadores

Eventos extremos recentes reacenderam a urgência de preparar cidades e territórios. Negociadores buscam estabelecer indicadores mensuráveis para o Objetivo Global de Adaptação, permitindo acompanhar a resiliência de países diante de secas, enchentes ou furacões.

Implementação do Balanço Global

A conferência também deve detalhar a aplicação das recomendações do primeiro Balanço Global do Acordo de Paris, divulgado na COP28, que apontou lacunas no cumprimento das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). Até agora, menos de 80 partes atualizaram suas metas, representando apenas 64% das emissões mundiais.

Participação social ampliada

Além da Zona Azul, restrita aos delegados, a Zona Verde no Parque da Cidade abrirá atividades gratuitas voltadas a tecnologia, cultura e inovação climática. Organizações indígenas, quilombolas e ribeirinhas preparam agendas próprias no Pavilhão do Círculo dos Povos, enquanto a Cúpula dos Povos, a partir de quarta-feira (12) na Universidade Federal do Pará, reunirá representantes de 62 países.

Para o coordenador da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, Dinamam Tuxá, a presença de comunidades tradicionais nas mesas de negociação é essencial: “Precisamos que os acordos firmados sejam efetivados e que quem protege os territórios participe de igual para igual”.

Com desafios diplomáticos, pressões financeiras e cobranças da sociedade, a COP30 em Belém busca decisões concretas que mantenham a meta de limitar o aquecimento a 1,5 °C viva e restaurar a confiança no processo multilateral do clima.

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