Lula afirma que COP30 dependeu da mobilização da Cúpula dos Povos

Belém (PA) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou neste domingo (16) que a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, “não seria viável” sem a presença e o engajamento da Cúpula dos Povos, encontro organizado por movimentos sociais em paralelo às negociações oficiais.

Em carta enviada ao ato de encerramento da Cúpula, lida pela ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, Lula afirmou que a concentração de representantes de comunidades tradicionais, organizações da sociedade civil e povos indígenas em Belém foi decisiva para dar legitimidade ao debate climático. “Debaixo de cada árvore da Amazônia há uma mulher, um homem, uma criança”, escreveu o presidente.

Lula adiantou que retornará à capital paraense em 19 de novembro para reunir-se com o secretário-geral da ONU, António Guterres, e participar de encontros com governadores, prefeitos, líderes indígenas e representantes de diversos países. O objetivo, segundo ele, é “fortalecer a governança do clima e o multilateralismo”.

O chefe do Executivo reforçou que o enfrentamento da crise climática exige mobilização de toda a sociedade, não apenas dos governos. Ele reiterou a urgência de decisões sobre financiamento climático, transição energética e combate ao desmatamento: “Não podemos sair de Belém sem avanços concretos nesses temas”, ressaltou.

No texto, Lula também criticou o negacionismo climático e disse que as cobranças feitas pelos movimentos sociais convergem com o conhecimento científico. Para o presidente, construir “um mundo em paz, mais solidário e livre da pobreza, da fome e da crise climática” depende da participação ativa da população.

A Cúpula dos Povos reuniu cerca de 70 mil pessoas entre 12 e 16 de novembro, tornando-se o maior espaço de participação social associado à COP30. Representantes de aproximadamente 1,3 mil entidades – entre indígenas, quilombolas, trabalhadores da cidade e do campo, comunidades ribeirinhas, pescadores, juventudes e coletivos LGBTQIAPN+ – ocuparam praças, auditórios e ruas de Belém para debater justiça climática.

Após cinco dias de debates, o encontro terminou com um “banquetaço” na Praça da República, que distribuiu refeições preparadas por cozinhas comunitárias e promoveu apresentações culturais abertas ao público.

Durante a cerimônia de encerramento, foi apresentada uma carta final que classifica como “falsas” algumas soluções propostas para a emergência climática e responsabiliza o modelo de produção capitalista pela intensificação dos eventos extremos. O documento critica ainda o avanço da extrema direita, o racismo ambiental e conflitos armados, além de expressar solidariedade ao povo palestino.

A carta foi entregue ao embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, que se comprometeu a levar o conteúdo às reuniões de alto nível da conferência a partir desta segunda-feira (17).

Para os organizadores da Cúpula, as nações desenvolvidas seguem oferecendo respostas insuficientes e colocam em risco a meta de limitar o aquecimento global a 1,5 °C, estabelecida no Acordo de Paris. Eles pedem a implementação imediata de fundos para adaptação, redução da dependência de combustíveis fósseis e medidas eficazes contra o desmatamento na Amazônia.

Com a atenção internacional voltada para Belém, a mobilização popular passa a ser tratada pelo governo brasileiro como peça estratégica para influenciar as decisões da COP30, agendada para novembro de 2025.

CURTA NOSSA PÁGINA NO FACEBOOK!

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*