
A presidência brasileira da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) divulgou nesta sexta-feira (28) uma carta que conclama o setor privado a integrar a agenda de ação desenhada pelo país-sede. O comunicado, assinado pelo embaixador André Corrêa do Lago, reforça a necessidade de ampliar a participação de empresas, governos subnacionais, universidades e sociedade civil para transformar compromissos em resultados concretos.
Segundo o embaixador, a COP30 – que ocorrerá em Belém em 2025 – pode estabelecer “novas regras para o mercado mundial” ao estimular soluções capazes de abrir frentes de negócios de baixo carbono. “O impacto do nosso trabalho nos próximos 30 anos dependerá da criação de condições regulatórias, econômicas e sociais que façam o Acordo de Paris funcionar para pessoas e empresas”, destaca a carta.
O documento observa que a transição energética movimentou mais de US$ 2 bilhões em investimentos globais no último ano e gerou 35 milhões de empregos em 2023, conforme relatório da ONU. Para a diretora executiva da conferência, Ana Toni, esses números refletem o empenho de companhias pioneiras, mas é preciso “dar escala e acelerar o processo”.
A presidência propõe que o empresariado norteie suas estratégias pelo Global Stocktake (GST), primeiro balanço global do Acordo de Paris apresentado na COP28. Também anuncia o mapeamento de iniciativas do setor privado já submetidas em conferências anteriores, com o objetivo de otimizar o monitoramento.
Esse acompanhamento será feito por um Grupo de Ativação, que reunirá projetos considerados pioneiros, escaláveis e viáveis na plataforma “Celeiro de Soluções”. Cada proposta virá acompanhada de um Plano de Aceleração contendo ajustes regulatórios, parcerias e mecanismos de financiamento.
Corrêa do Lago afirma que, ao identificar oportunidades econômicas, as empresas podem avançar além do que os governos recomendam. “Estamos criando uma nova dinâmica do setor privado, baseada nos ganhos de operar de forma sustentável”, afirmou.
A carta lembra que 490 iniciativas já foram registradas em agendas de ação anteriores, mas menos de 30 permanecem na memória coletiva, o que evidencia a importância de vigiar a execução. O embaixador considera o sistema proposto uma “provocação” ao secretariado da Convenção do Clima para ir além das negociações formais, sem constrangimentos, mas com incentivo ao progresso.
O texto conclui convidando CEOs, investidores e inovadores a participarem da COP30 em Belém. A presidência reconhece os desafios logísticos da Amazônia, mas ressalta que a região simboliza a urgência climática global e concentra comunidades na linha de frente das soluções.
“Vir a Belém é uma chance de arregaçar as mangas, ouvir, aprender e colaborar”, finaliza o comunicado.
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