
Dermatologistas alertam que o corte de cutícula, prática frequente em salões brasileiros, pode facilitar a entrada de microrganismos, desencadear inflamações e até deformar as unhas. Embora o tecido aparente ser apenas pele morta, ele funciona como barreira natural que liga a pele à lâmina ungueal e protege a matriz responsável pelo crescimento saudável.
A camada logo abaixo da cutícula, chamada dobra proximal ungueal, é composta por pele viva e sensível. Quando essa região é agredida por alicates ou tesouras, surgem pequenas fissuras que servem de porta de entrada para bactérias e fungos, favorecendo quadros de paroníquia — inflamação dolorosa ao redor da unha — e micoses recorrentes.
Além das infecções, a retirada repetida da cutícula pode causar ondulações, lascamento e deixar a superfície mais frágil. “Muitas pessoas acreditam que têm unhas naturalmente fracas, mas o problema é a barreira protetora que se encontra constantemente lesionada”, afirma a dermatologista Flávia Alvim Sant Anna Addor, membro da Academia Americana de Dermatologia.
Restrições ao procedimento nos Estados Unidos
Nos Estados Unidos, a preocupação com complicações levou diversos estados a limitar o corte de cutículas em salões. Conselhos de cosmetologia consideram que a remoção de pele viva ultrapassa o escopo dos serviços estéticos, pois envolve risco biológico difícil de controlar fora do ambiente médico.
Como manter unhas saudáveis sem cortar a cutícula
Especialistas recomendam amolecer o local com água morna ou produtos específicos e apenas empurrar delicadamente o excesso visível. A hidratação diária com óleo ou creme nutritivo ajuda a manter a pele flexível, reduz rachaduras e preserva a vedação natural.
A esterilização correta de alicates, empurradores e lixas continua indispensável. Instrumentos mal higienizados facilitam a infecção nas unhas por contaminação cruzada entre clientes — risco maior para pessoas com diabetes, problemas circulatórios ou imunidade baixa.
Há ainda quem roa ou puxe a cutícula com os dentes, hábito que provoca microlesões permanentes e dor contínua. “Qualquer ferimento nessa área pode evoluir de forma mais séria em quem tem doenças crônicas”, reforça Addor.
Manter a cutícula intacta, hidratar a região e exigir materiais esterilizados são medidas simples que preservam a saúde das unhas e evitam complicações ligadas ao corte de cutícula.
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