
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (17) que a negociação entre Mercosul e União Europeia chegará ao ponto decisivo no próximo sábado (20), durante a Cúpula de Líderes do Mercosul, em Foz do Iguaçu (PR). Segundo ele, esta será a “última chance” de consolidar o tratado comercial enquanto durar o seu mandato.
Lula disse ter atendido a um pedido europeu para antecipar a reunião, originalmente marcada para outra data, e reconheceu que o bloco enfrenta resistências internas, especialmente na França e na Itália, para aprovar o texto já fechado em dezembro do ano passado. “Se disserem não, vamos ser duros daqui para frente. Nós cedemos a tudo que era possível”, declarou o presidente.
Embora o acordo tenha sido concluído tecnicamente após quase 25 anos de negociações, ele ainda precisa ser ratificado pelos parlamentos de todos os países dos dois blocos. Setores agrícolas franceses lideram a oposição, alegando riscos à produção local.
Na avaliação do governo brasileiro, a entrada em vigor do tratado poderia ampliar o acesso de produtos nacionais ao mercado europeu e reduzir tarifas sobre bens industrializados do Mercosul, pontos considerados estratégicos para a competitividade regional.
Durante a última reunião ministerial de 2025, realizada na Granja do Torto, Lula também manifestou preocupação com a escalada de tensões entre Estados Unidos e Venezuela. O presidente afirmou ter conversado com Donald Trump e reiterou a disposição de “contribuir para um diálogo” entre o líder norte-americano e Nicolás Maduro.
Lula defendeu que a América do Sul mantenha uma política de paz, alegando que a região não tem histórico recente de conflitos armados. “O poder da palavra pode valer mais do que o poder da arma”, disse.
No plano doméstico, o presidente cobrou melhorias nas políticas públicas e citou o Bolsa Família como programa “do Brasil”, não apenas de sua gestão. Ele avaliou que, apesar de indicadores econômicos positivos, a polarização política reduz a percepção popular sobre avanços do governo.
Lula voltou a mencionar a redução da jornada de trabalho sem perda salarial, afirmando que a iniciativa deveria partir do setor empresarial. Para o chefe do Executivo, o tema não exigiria discussão prolongada se houvesse consenso sobre a necessidade de repartir ganhos de produtividade.
Com a decisão sobre o acordo Mercosul União Europeia marcada para sábado, o governo brasileiro espera uma sinalização definitiva dos parceiros europeus. Caso o processo não avance, Lula assegura que não retomará o tema durante seu período no Planalto.

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