
O Dia Mundial de Luta contra o HIV, celebrado em 1º de dezembro, marca também o início do Dezembro Vermelho, campanha destinada a ampliar a conscientização sobre HIV e aids em todo o planeta. Nesta data, organismos internacionais e governos reforçam o alerta contra a desinformação, o estigma e a importância do acesso universal à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento.
Em mensagem pública, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, advertiu que “décadas de progresso estão em risco” devido à interrupção de programas, ao corte de recursos e a leis que dificultam o atendimento de populações vulneráveis. Para ele, acabar com a aids exige investir em prevenção, ampliar o tratamento e fortalecer o trabalho comunitário.
Dados do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids) estimam que 40,8 milhões de pessoas convivem com o vírus no mundo. Somente em 2024, ocorreram 1,3 milhão de novas infecções, enquanto 9,2 milhões de pessoas permanecem sem terapia antirretroviral.
No Brasil, o Boletim Epidemiológico HIV e Aids 2024 contabiliza 1.165.599 casos desde 1980, com média anual de 36 mil novos registros nos últimos cinco anos. Em 2023 foram notificados 46.495 diagnósticos, aumento de 4,5% ante o ano anterior; 63,2% dos casos envolveram pessoas negras e 53,6% homens que fazem sexo com homens.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ressaltou avanços alcançados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como a queda da mortalidade e a eliminação da transmissão vertical como problema de saúde pública. “Temos muito a celebrar, mas também muito a melhorar, especialmente no combate ao estigma e na ampliação do acesso à prevenção”, afirmou o ministro em rede social.
A taxa nacional de detecção de aids é de 17,8 casos por 100 mil habitantes, com maior concentração entre 25 e 34 anos. A via sexual responde por 75,3% das transmissões em pessoas a partir de 13 anos. Entre 1980 e junho de 2024, 68,4% dos diagnósticos foram em homens e 33,9% de aumento foi registrado na população acima de 60 anos entre 2015 e 2023.
Nesse período, as gestantes somaram 166.237 notificações, atingindo 3,3 casos por mil nascidos vivos em 2023. Houve predominância entre mulheres negras (67,4%) e na faixa de 20 a 29 anos (51%). No mesmo ano, o Brasil registrou 10.338 mortes relacionadas à aids; 63% ocorreram entre pessoas negras, com razão de 21 óbitos masculinos para cada dez femininos.
O país é signatário da meta 95-95-95 da Organização Mundial da Saúde, que prevê, até 2030, diagnosticar 95% das pessoas com HIV, tratar 95% das diagnosticadas e alcançar supressão viral em 95% das que estão em tratamento. Também foram pactuadas reduções de 90% na incidência e na mortalidade, em comparação com 2010.
A manutenção desses números depende de financiamento estável, oferta contínua de testes e medicamentos, além da superação de barreiras sociais. Especialistas apontam que a combinação de prevenção, rastreamento precoce e terapia antirretroviral gratuita — disponibilizada pelo SUS — continua sendo a estratégia central para que o Brasil atinja os compromissos internacionais e avance no controle da epidemia.

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