Diploma eleva salário em 148%, mas evasão no ensino superior segue alta

Graduandos em cerimônia de colação de grau com destaque para o diploma que eleva salário em 148%, evidenciando o impacto do ensino superior, apesar da alta evasão.
Foto: Ilustrativa

Concluir o ensino superior no Brasil garante, em média, remuneração 148% maior do que a recebida por quem possui apenas o ensino médio, segundo o relatório Education at a Glance 2025, divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O percentual supera a média de 54% observada nos 38 países-membros da entidade e só é inferior aos índices registrados na Colômbia (150%) e na África do Sul (251%).

Ainda assim, a conclusão de cursos universitários permanece restrita a parte da população. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que apenas 20,5% dos brasileiros com 25 anos ou mais possuem diploma de nível superior.

Taxas de evasão acima da média

O relatório revela que 25% dos ingressantes em bacharelado no país desistem após o primeiro ano, quase o dobro da média da OCDE, de 13%. Três anos depois do prazo previsto para formatura, menos da metade (49%) conclui o curso, ante 70% nas demais nações analisadas. Entre os jovens de 25 a 34 anos, somente 24% alcançam o diploma, índice também inferior à média internacional de 49%.

Para a OCDE, a elevada evasão indica “falta de alinhamento entre expectativas dos alunos e exigências dos programas”, além de possíveis carências de orientação acadêmica e apoio aos calouros. A organização recomenda reforço à preparação no ensino médio, rotas formativas claras e ofertas mais flexíveis.

Desemprego e inatividade entre jovens

Outra preocupação é o grupo de jovens que não estuda nem trabalha. Em 2024, 24% das pessoas de 18 a 24 anos no Brasil estavam sem ocupação nem matrícula (categoria NEET), bem acima da taxa média da OCDE, de 14%. A proporção é maior entre mulheres (29%) do que entre homens (19%).

Diferenças de gênero na conclusão

As brasileiras que iniciam o bacharelado têm maior probabilidade de concluir os estudos: 53% finalizam o curso dentro do prazo ou em até três anos, contra 43% dos homens, diferença de nove pontos percentuais — abaixo da média internacional de 12 pontos.

Investimento público

O gasto governamental por aluno de ensino superior soma US$ 3.765 anuais (cerca de R$ 20 mil) em valores de 2022, enquanto a média da OCDE atinge US$ 15.102 (aproximadamente R$ 80 mil). Apesar de menor em termos absolutos, o desembolso brasileiro corresponde a 0,9% do Produto Interno Bruto, proporção semelhante à dos países desenvolvidos.

“Baixas taxas de conclusão reduzem o retorno do investimento público e ampliam a escassez de competências”, observou o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann, no documento. Ele defendeu “programas mais inclusivos e trajetórias formativas diversificadas”.

Mobilidade internacional estagnada

Enquanto a participação de estudantes estrangeiros no ensino superior dos países da OCDE passou de 6% em 2018 para 7,4% em 2023, o Brasil manteve índice estável de 0,2% no período, um dos menores entre as economias analisadas.

O relatório também alerta para a qualidade do aprendizado. Em média, 13% dos adultos com diploma nos países participantes não alcançaram o nível básico de proficiência em leitura. Para a OCDE, ampliar o acesso à universidade deve vir acompanhado de elevação na qualidade dos cursos.

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