
Alterações hormonais, imunológicas e circulatórias fazem parte da adaptação do corpo feminino durante a gestação. Essas mudanças viabilizam o desenvolvimento fetal, mas também podem desencadear problemas de saúde que exigem acompanhamento cuidadoso. A partir do pré-natal, médicos identificam e controlam doenças específicas da gravidez, reduzindo complicações para mãe e bebê.
Por que o pré-natal é decisivo
O pré-natal reúne consultas regulares, exames laboratoriais e de imagem voltados a monitorar o crescimento fetal e o bem-estar materno. Segundo a ginecologista e obstetra Michelle Egidio, do Hospital Santa Lúcia, “um acompanhamento atento permite diagnóstico precoce, prevenção de complicações e melhores desfechos para ambos”. Além de rastrear doenças, as consultas trazem orientações sobre parto, amamentação e cuidados neonatais, contribuindo também para o suporte emocional da gestante.
Principais doenças identificadas
Diabetes gestacional — Elevação dos níveis de glicose relacionada a fatores genéticos, obesidade, histórico familiar ou até baixa estatura materna. Costuma surgir no segundo trimestre.
Síndromes hipertensivas — Englobam hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia, eclâmpsia e síndrome HELLP. Representam uma das maiores causas de morbimortalidade materna e perinatal.
Colestase intra-hepática — Ocorre quando a bile não flui adequadamente no fígado. Provoca coceira intensa e está ligada a fatores genéticos ou doenças hepáticas prévias.
Infecção urinária de repetição — Alterações hormonais dilatam ureteres e o útero comprime o trato urinário, favorecendo proliferação bacteriana.
Anemia ferropriva — Aumento das necessidades de ferro para formação de hemoglobina e crescimento fetal leva à deficiência, caso a reposição seja insuficiente.
Hipotireoidismo — Produção insuficiente de hormônios da tireoide, essenciais para o desenvolvimento neurológico do feto e manutenção do metabolismo materno.
Efeitos sobre mãe e bebê
Quando não diagnosticadas ou tratadas, essas condições comprometem a evolução da gestação. A hipertensão pode evoluir para pré-eclâmpsia, restrição de crescimento intrauterino, descolamento de placenta ou parto prematuro. Já o diabetes gestacional está ligado à macrossomia fetal, hipoglicemia neonatal e maior necessidade de cesariana.
Algumas doenças, como trombofilias ou colestase intra-hepática, elevam o risco de óbito fetal intrauterino. “Identificar fatores de risco precocemente amplia as chances de intervenção adequada”, lembra a ginecologista e obstetra Bárbara Freyre, da Clínica Trinitá.
Formas de prevenção
O pré-natal iniciado logo após a confirmação da gravidez é a principal ferramenta de prevenção. Exames de sangue, urina e imagem permitem rastrear alterações metabólicas, hormonais e infecciosas. Além disso, medidas de estilo de vida complementam a proteção:
- Alimentação equilibrada, com ênfase em ferro, cálcio e ácido fólico;
- Atividade física orientada, respeitando limitações individuais;
- Controle contínuo de peso e pressão arterial;
- Investigação de infecções e distúrbios hormonais a cada trimestre.
Gestantes com hipertensão ou diabetes pré-existentes demandam ajustes terapêuticos antes mesmo da concepção. Em quadros menos preveníveis, como colestase ou trombofilias, a estratégia é o monitoramento rigoroso para ação imediata caso surjam sintomas ou resultados alterados.
Situação pós-parto
Diabetes e hipertensão decorrentes da gestação tendem a regredir após o parto, porém aumentam o risco de doenças crônicas no futuro, como diabetes tipo 2 e hipertensão arterial sistêmica. Já condições como trombofilias ou hipertensão crônica podem persistir, exigindo seguimento contínuo. Manter o cuidado médico no puerpério é essencial para proteger a saúde materna a longo prazo.
Com diagnóstico precoce e acompanhamento adequado, a maioria das complicações pode ser controlada, garantindo gestação mais segura e melhor prognóstico para mãe e filho.
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