
Entidades representativas de jornalistas e de veículos de comunicação divulgaram notas de repúdio após a retirada da imprensa na Câmara dos Deputados, ocorrida na tarde de terça-feira (9). Profissionais foram obrigados a deixar o plenário enquanto a Polícia Legislativa removia o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que protestava ocupando a cadeira da Presidência.
De acordo com relatos de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas, o sinal da TV Câmara foi cortado às 17h34, exatamente quando agentes passaram a expulsar a equipe de cobertura. Imagens registradas por parlamentares mostram empurrões, puxões e cotoveladas contra trabalhadores da imprensa; alguns precisaram de atendimento médico.
A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal classificaram o episódio como “extremamente grave” por comprometer a liberdade de imprensa e o direito da sociedade à informação. “Não podemos admitir medidas autoritárias que remetam ao período da ditadura militar”, afirmam as entidades em nota.
Organizações empresariais do setor, como a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner), também condenaram o bloqueio da cobertura. Para as três associações, “o impedimento do trabalho jornalístico e o corte de sinal da TV Câmara são incompatíveis com a Constituição”. Elas pedem a apuração dos responsáveis para evitar repetição de “práticas de intimidação”.
O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) acrescentou que a retirada da imprensa foi acompanhada de violência física, informação confirmada por vídeos difundidos nas redes sociais.
No centro da confusão, o deputado Glauber Braga havia ocupado a mesa diretora em protesto contra a intenção do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), de pautar seu processo de cassação junto com os de Carla Zambelli (PL-SP) e Delegado Ramagem (PL-RJ). Braga é acusado de agredir um militante do Movimento Brasil Livre em 2024.
Após o episódio, Hugo Motta declarou, na rede social X, ter determinado “a apuração de possíveis excessos em relação à cobertura da imprensa”. Para ele, “extremismos testam a democracia todos os dias e precisam ser contidos”.
A retirada da imprensa na Câmara voltou a acender o debate sobre segurança de jornalistas em ambientes políticos. Fenaj, Abert, ANJ, Aner, SJPDF e FNDC acompanham as investigações e cobram garantias para o exercício profissional dentro do Congresso Nacional.

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