Erros na prescrição e uso de remédios colocam pacientes em risco

Ilustração com várias drogas e caixas de remédios, destacando o risco de erros na prescrição e uso de medicamentos que colocam pacientes em perigo.

Falhas na prescrição, dispensação e administração de medicamentos continuam a afetar milhares de brasileiros e representam um dos principais desafios da segurança do paciente, apontam especialistas.

Levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que um em cada 20 pacientes no mundo sofra algum problema relacionado ao uso inadequado de fármacos, dos quais quase 25% resultam em consequências graves ou fatais. O impacto econômico desses episódios chega a US$ 42 bilhões anuais, segundo a agência.

No cenário internacional, os números reforçam a urgência do tema. Nos Estados Unidos, a agência reguladora local recebe mais de 100 mil notificações de erros de medicamentos por ano, e aproximadamente 1,3 milhão de pessoas apresentam efeitos adversos associados. No Reino Unido, pesquisas indicam 237 milhões de falhas anuais, sendo 50 milhões com alto potencial de dano grave.

No Brasil, estudos realizados em hospitais universitários revelam que 30% das doses aplicadas já chegaram ao paciente com algum tipo de equívoco, especialmente relacionado a horário, quantidade ou via de administração. Análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) referente a 2019 mostra que 54% das falhas ocorreram durante a aplicação, 22% na prescrição e 16% na dispensação. A estimativa é de até 24 mil mortes anuais por intoxicação ligada a medicamentos, embora nem todos os casos sejam atribuídos exclusivamente a erro humano.

A maior parte das inconsistências, segundo os estudos, ocorre no momento em que o medicamento é entregue ou administrado ao paciente (54%). Em seguida aparecem falhas na prescrição (21%) e na farmácia ou dispensação (16%).

Especialistas afirmam que muitas dessas situações poderiam ser prevenidas com medidas relativamente simples. “A dupla checagem de prescrições por farmacêuticos e o uso de sistemas eletrônicos de apoio reduzem substancialmente a incidência de erros de medicamentos”, afirma o clínico Dr. Alfredo Salim, head nacional da Brazil Health.

Entre as estratégias recomendadas estão a adoção de protocolos de conferência, a revisão sistemática das doses e a atualização contínua da equipe de saúde. O envolvimento do próprio paciente — conferindo nome do remédio, dosagem e horário antes da administração — também é apontado como elemento essencial. “Quando profissionais e pacientes compartilham a responsabilidade de verificar cada etapa, o risco despenca”, observa Salim.

A literatura técnica indica ainda que a informatização de prontuários, aliada a alertas automáticos de interação medicamentosa e dose, contribui para reduzir erros de transcrição e de cálculo. Programas de educação permanente para médicos, enfermeiros e farmacêuticos completam o conjunto de ações consideradas eficazes.

Embora avanços tecnológicos e protocolos padronizados tenham demonstrado bons resultados em diversos países, especialistas alertam que ampliar a cultura de segurança no cuidado farmacológico permanece fundamental para diminuir a ocorrência de erros de medicamentos e, consequentemente, preservar vidas e recursos do sistema de saúde.

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