
O artista português José Pedro Croft abre nesta quarta-feira (24) a mostra “José Pedro Croft: reflexos, enclaves, desvios” no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Rio de Janeiro. Gratuita, a exposição reúne 170 trabalhos — entre gravuras, desenhos e esculturas — e permanece em cartaz até 17 de novembro.
O destaque da montagem é a instalação concebida para a rotunda do edifício histórico. Painéis de espelho refletem elementos da arquitetura do CCBB, formando um mosaico que envolve o público e provoca diferentes leituras do espaço. Para o curador Luiz Camillo Osorio, “há um diálogo permanente entre metal, vidro, espelho, linha e cor”, relação que se estende a todas as salas.
Nos desenhos, Croft utiliza linhas de nanquim de apenas 0,25 milímetro sobre provas de gravura. Segundo ele, a técnica aproxima o universo dos pixels da experiência física: “Faço os desenhos à mão para resistir à velocidade do excesso de estímulos”, afirma.
As esculturas, produzidas em ferro, vidro e espelho, convidam o visitante a interagir e a perceber a instabilidade das superfícies refletidas. A correspondência entre as peças é intencional. “Na primeira sala, as gravuras negras funcionam como desenho; as vermelhas, como manchas que remetem às esculturas de espelho. Há sempre um diálogo”, explica o artista.
Com carreira iniciada nos anos 1980, Croft já exibiu obras em instituições brasileiras como o Museu de Arte Moderna do Rio, a Bienal de São Paulo, a Pinacoteca e o Paço Imperial. O retorno ao país, após um intervalo prolongado, reforça a ligação com o público local. “A melhor maneira de ver a exposição é chegar sem ideias pré-concebidas, olhar, sentir e só depois refletir”, recomenda.
Na concepção do artista, mesmo os trabalhos de grandes dimensões preservam uma escala humana. “Interessa-me que as peças não se imponham pela grandiosidade; isso tem a ver com a noção de democracia”, conclui.
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