
A Estação República, da Linha 4-Amarela do Metrô de São Paulo, recebe a partir desta terça-feira (19) uma exposição interativa dedicada ao cantor e compositor Luiz Gonzaga. A mostra integra o Projeto Centenários e transforma as áreas de circulação do terminal em um percurso sensorial que revisita a obra e a influência do artista pernambucano, conhecido como Rei do Baião.
A abertura oficial ocorre às 9h, com apresentação gratuita da banda Rastapé, que interpreta clássicos como “Asa Branca” e “Assum Preto”, além de composições próprias. Em seguida, o público poderá participar de um tour guiado pelos curadores Isa Ferraz, Marcos Ferraz e Paulo Vanderley Tomaz, responsáveis pela concepção do roteiro expositivo.
De acordo com a Motiva, organização que assina a iniciativa, o objetivo é “democratizar o acesso à cultura ao aproximar o público de diferentes linguagens artísticas”. A instituição destaca que Luiz Gonzaga “é um ícone da brasilidade” e reforça que a homenagem busca valorizar as tradições nordestinas representadas pelo músico.
Ambientes temáticos espalhados pela estação
O mezanino da estação foi convertido em um autêntico arraiá junino, com bandeirolas coloridas, painel de chapéus de couro e barracas que lembram as festas de São João. Entre as atrações, destaca-se a instalação “Escadas que Cantam”, onde degraus adesivados exibem títulos de sucessos do artista. Enquanto o usuário desce, sensores liberam trechos das canções, criando uma trilha sonora imersiva.
A “Vitrine do Baião” reúne sanfona, triângulo e zabumba usados em apresentações de forró, além de rádios antigos, vestimentas típicas e fotografias de época. Já as portas de plataforma ganharam adesivos com imagens de casas e paisagens do sertão, introduzindo o visitante no cenário descrito nas letras de Gonzaga.
Outro destaque é um painel horizontal que traça a linha do tempo do artista, com fotos, reportagens de jornais, capas de revistas e documentos oficiais. O recurso permite acompanhar desde o nascimento em Exu, Pernambuco, em 1912, passando pelo período no Exército, até a consagração nacional a partir da década de 1940.
Histórias pouco conhecidas aparecem nas pilastras identificadas como “Causos de Gonzaga”. Em uma delas, é relatado o encontro do músico com o então jovem Dominguinhos, que viria a se tornar seu afilhado artístico. Em outra, consta a participação de Gonzaga em campanhas de rádio para arrecadação de donativos após a seca de 1958.
Recursos digitais e playlists
A área “Luiz Gonzaga Xaxando” exibe vídeos icônicos em telas de LED. O acesso ao áudio é feito por fones individuais higienizados, acionados via QR Code. Nas paredes próximas, o painel “Palavras que Sussurram Memórias” exibe frases marcantes do compositor e versos conhecidos do público.
QR Codes adicionais direcionam para playlists organizadas por temas como “Xotes Românticos”, “Forrós de Sanfona” e “Parcerias Memoráveis”, ampliando a experiência além do espaço físico da estação.

Imagem: Acervo
Parte do Projeto Centenários
Luiz Gonzaga é o quinto artista homenageado pelo Projeto Centenários, série de exposições que recorda personalidades fundamentais da cultura brasileira. A curadoria procura equilibrar informação histórica e interatividade para alcançar usuários habituais do transporte público que, muitas vezes, não frequentam museus ou centros culturais.
Segundo Renata Ruggiero, presidente do Instituto Motiva, “a iniciativa reforça o compromisso de levar arte e história para onde as pessoas estão”. Ela afirma que a escolha de estações de metrô facilita o contato com diferentes faixas etárias e perfis socioeconômicos.
Importância de Luiz Gonzaga
Nascido em 13 de dezembro de 1912, Gonzaga popularizou ritmos como baião, xote e forró, levando a sonoridade nordestina aos grandes centros urbanos e à mídia nacional. Clássicos como “Asa Branca”, “Baião de Dois” e “Respeita Januário” tornaram-se parte do repertório básico da música popular brasileira e influenciaram artistas de várias gerações.
Com sua voz grave e o acorde da sanfona, o pernambucano destacou as paisagens do semiárido, a religiosidade e o cotidiano do homem do sertão. A difusão desses elementos ajudou a fortalecer a identidade cultural nordestina, proporcionando visibilidade a um segmento do país até então pouco representado na indústria fonográfica.
Serviço
A exposição é gratuita e pode ser visitada diariamente nos horários de funcionamento da Linha 4-Amarela. Não há necessidade de cadastro prévio. A organização recomenda o uso de fones pessoais para aproveitar os conteúdos de áudio via QR Code, embora unidades descartáveis sejam fornecidas mediante disponibilidade.
A mostra permanece em cartaz até o fim de abril. Informações sobre acessibilidade, horários especiais e programação complementar podem ser obtidas nos totens da Estação República ou nos perfis oficiais da ViaQuatro.
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