
O anúncio do Governo de Santa Catarina, em 13 de novembro, de transformar o Centro de Eventos Governador Luiz Henrique da Silveira, no Norte da Ilha, em um centro de formação de professores e gestores da rede estadual, acendeu o alerta no setor de eventos corporativos de Florianópolis.
Enquanto o mercado brasileiro de eventos projeta movimentar R$ 141,1 bilhões até o fim de 2025, segundo o Radar Econômico da Associação Brasileira de Promotores de Eventos (Abrape), a capital catarinense perde uma de suas poucas áreas adequadas para encontros de grande porte. A decisão reduz a competitividade local num momento em que outras cidades disputam congressos, feiras e convenções.
Florianópolis espera receber três milhões de turistas na temporada de verão 2025/2026, mas a falta de visitantes no inverno ainda provoca o fechamento temporário de hotéis, pousadas e restaurantes, sobretudo no Norte da Ilha. A realização de eventos corporativos no período de baixa poderia atenuar essa sazonalidade: levantamento da Embratur com a FGV aponta que participantes de congressos gastam, em média, US$ 329 por dia, valor mais que triplo do desembolso diário (US$ 100) do turista de lazer medido pela Fecomércio em 2024.
Para o empresário Eugênio Neto, CEO da Neto Eventos, a capital possui mão de obra qualificada, mas carece de estruturas adequadas. “Florianópolis está indo na contramão do crescimento nacional”, afirma. Com sede na cidade, a empresa já executou 240 eventos em 2025 distribuídos por São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Santa Catarina.
A lacuna de grandes espaços provoca fuga de negócios para outros destinos. Segundo Neto, a cidade perdeu recentemente eventos de porte nacional para São Paulo por falta de estrutura. O Centrosul, principal pavilhão do Centro, aguarda nova concessão, situação que prolonga a incerteza sobre a capacidade de receber feiras de maior dimensão.
A capital figura como destino mais buscado no Brasil e quarto no mundo para o verão de 2025 na plataforma Booking. “Temos demanda e profissionais, mas precisamos de locais adequados para manter os eventos aqui”, observa o executivo.
Especialistas do setor defendem que ampliar ou modernizar espaços para congressos beneficiaria toda a cadeia turística ao distribuir fluxos de visitantes ao longo do ano e valorizar prestadores de serviços locais. Por ora, porém, Florianópolis segue com oferta limitada, mesmo diante do boom nacional dos eventos corporativos.

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