Festival Artes Vertentes abre com tambores e une três continentes

Duas mulheres com pele escura, vestidas com saias longas e camisetas listradas, participando de uma apresentação no Festival Artes Vertentes, interagindo com fios e objetos artísticos.
Foto: Divulgação

A batida dos tambores do Congado Nossa Senhora do Rosário e Escrava Anastácia anunciou, na noite de quinta-feira (11), o início da 14ª edição do Festival Artes Vertentes, em Tiradentes (MG). O cortejo percorreu as ruas históricas da cidade, convidando moradores e visitantes para uma programação que, até 21 de setembro, reúne 54 atividades entre exposições, sessões de cinema, peças teatrais, concertos e literatura.

Com o tema “Entre as margens do Atlântico”, o festival propõe diálogo artístico entre América, África e Europa. A agenda integra ainda a Temporada da França no Brasil, iniciativa que até o fim do ano percorre 15 cidades brasileiras aproximando os dois países por meio da cultura.

Responsável pela abertura, Claudinei Matias do Nascimento, o Mestre Prego, relembrou os cerca de 22 mil escravizados que trabalharam na região. “O toque do tambor representa a força da nossa comunidade”, afirmou. Para ele, a congada mantém viva a memória de pessoas que tiveram suas histórias apagadas. “É uma cantiga de alegria e de dor: ‘Ai, meu povo hoje é lembrado’”, citou.

Segundo o curador e diretor artístico Luiz Gustavo Carvalho, o Festival Artes Vertentes busca conectar diferentes linguagens contemporâneas ao patrimônio material e imaterial de Tiradentes. “O papel é refletir sobre narrativas urgentes ligadas ao território que ocupamos”, disse.

A diretora executiva Maria Vragova destaca a escolha do interior mineiro. Para ela, deslocar o circuito cultural das capitais “intensifica o diálogo entre artistas visitantes e a população local, reunindo expressões regionais, nacionais e internacionais”.

A abertura também exibiu formações musicais da Ação Cultural Artes Vertentes, braço social do evento que, desde 2013, oferece aulas gratuitas de música, artes visuais, cerâmica e fotografia a crianças, adolescentes e adultos de Tiradentes.

A programação internacional inclui a poeta, fotógrafa e colagista Wendie Zahibo, que vive entre Guadalupe e França, e o poeta e dramaturgo haitiano Jean D’Amerique, diretor do festival Transe Poétique. A comissária-geral da Temporada França-Brasil, Anne Louyot, lembra que o encontro envolve “culturas africanas que influenciaram, de forma dolorosa e frutífera, a Europa e as Américas”.

Parte das atividades estende-se às vizinhas São João del-Rei e Bichinho, onde mostras de cinema discutirão memória, ancestralidade e resistência. A maioria dos eventos é gratuita. Detalhes completos da programação estão disponíveis no site oficial do festival.

 

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