O Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, sediará em 17 de dezembro o primeiro lançamento espacial comercial realizado a partir do território brasileiro. Na data, o foguete HANBIT-Nano, desenvolvido pela sul-coreana Innospace, decolará dentro da Operação Spaceward, conduzida em parceria com a Força Aérea Brasileira (FAB) e a Agência Espacial Brasileira (AEB).
A missão transportará cinco satélites e três experimentos produzidos por empresas e universidades do Brasil e da Índia. Entre os objetivos da carga útil estão coleta e transmissão de dados ambientais, serviços de comunicação, navegação e posicionamento de alta precisão, além de monitoramento da atividade solar.
Com o lançamento, o país passa a integrar o mapa global de prestadores de serviços de lançamento, segmento que movimentou US$ 596 bilhões em 2024 e pode atingir US$ 944 bilhões em 2033, segundo estudo da consultoria NovaSpace. O avanço ocorre após décadas de expectativa: os primeiros investimentos nacionais em programas espaciais remontam aos anos 1960, mas o Brasil ficou atrás de emergentes como Índia, China e Coreia do Sul.
Para Emerson Granemann, CEO da MundoGEO e organizador da feira SpaceBR Show, a principal lacuna brasileira é estrutural. “O país precisa melhorar a governança dos esforços espaciais, aproximando setor militar, órgãos civis, indústria e academia”, afirma. Ele avalia que o momento atual é favorável, graças à liberação recente de recursos federais, mas alerta para a necessidade de continuidade. “O desafio será manter o ritmo para transformar projetos em realidade e garantir sustentabilidade ao setor”, complementa.
A própria presença da Innospace em Alcântara pode atrair novos investidores privados, ainda pouco representados no mercado espacial doméstico. O sucesso do voo do HANBIT-Nano serviria como vitrine de capacidade técnica e regulatória, reforçando o potencial do CLA como porto de lançamentos comerciais devido à sua posição geográfica próxima à linha do Equador.
Dentro desse contexto de expansão, a MundoGEO promove anualmente o SpaceBR Show, encontro que reúne empresas, agências governamentais, universidades, institutos de pesquisa, startups e investidores. Além da exposição, o evento abriga um fórum organizado junto à AEB para discutir tendências e oportunidades globais da cadeia produtiva espacial.
A edição de 2025 recebeu mais de 10 mil visitantes de 30 países, crescimento de 25 % em relação a 2024, e contou com 150 expositores. A próxima feira ocorrerá de 16 a 18 de junho de 2026, no Expo Center Norte – Pavilhão Azul, em São Paulo, paralelamente às mostras MundoGEO Connect, DroneShow Robotics e Expo eVTOL.
Para Granemann, investir no espaço é uma política de Estado que gera retorno no médio e longo prazo. Ele destaca que, como em outras nações, o capital público seguirá crucial nos projetos iniciais, mas a entrada de empresas privadas tende a acelerar a inovação e ampliar o acesso do Brasil ao mercado espacial.

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