Exército de Israel lançar folhetos e provoca pânico e fuga na cidade de Gaza

Exército de Israel lança folhetos na cidade de Gaza, provocando pânico e fuga entre os moradores durante conflito na região.
Foto: Reprodução

Moradores da Cidade de Gaza relataram pânico nesta terça-feira (9) após o Exército de Israel lançar folhetos ordenando a evacuação imediata da zona urbana, considerada por Tel Aviv o principal reduto remanescente do Hamas. A distribuição aérea do material ocorreu enquanto autoridades israelenses afirmavam que um novo ataque terrestre e aéreo pretende “obliterar” a área.

Antes da guerra, o maior centro urbano da Faixa era lar de cerca de 1 milhão de pessoas. Grande parte dessa população já foi deslocada diversas vezes desde outubro de 2023, mas muitos ainda vivem entre escombros de prédios residenciais destruídos nas últimas semanas. As forças israelenses indicaram que os civis devem seguir para a “zona humanitária” de Al-Mawasi, no sul, região que já enfrenta superlotação e também sofre bombardeios frequentes.

Em pronunciamento, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou: “Vocês foram avisados — saiam de lá!” A fala reforçou o temor de um ataque em larga escala, aguardado pela população há semanas. Alguns habitantes afirmaram à imprensa que pretendem partir, mas outros disseram não enxergar rotas seguras. “Não há mais lugar, nem no sul nem no norte; ficamos completamente presos”, afirmou o paciente com câncer Bajess al-Khaldi em um acampamento improvisado dentro da cidade.

O Ministério da Saúde de Gaza informou que os hospitais Al Shifa e Al Ahli, últimos grandes centros médicos ainda operando na capital, começarão a ser evacuados. Profissionais prometem permanecer com quem não puder ser transferido. A crise humanitária inclui escassez de alimentos, medicamentos e abrigo, agravada pelo avanço da fome registrado nos últimos meses.

Desde o início do conflito, em 7 de outubro de 2023 — quando militantes do Hamas mataram 1.200 pessoas em Israel e capturaram 251 reféns, segundo dados israelenses — mais de 64 mil palestinos perderam a vida na Faixa, de acordo com autoridades locais. Israel refuta acusações de genocídio e sustenta estar exercendo o direito à autodefesa.

A ordem de retirada reacendeu o trauma histórico da “Nakba”, êxodo de 1948 que expulsou centenas de milhares de palestinos após a criação do Estado israelense. Para a mãe de cinco filhos Um Samed, 59 anos, o dilema resume-se a “ficar e morrer em casa, na Cidade de Gaza, ou seguir as ordens de Israel e morrer no sul”. Até o início da noite não havia sinais de movimento em massa, mas o clima de incerteza crescia entre as ruínas da capital do enclave.

Enquanto a ofensiva final é anunciada, a maioria dos civis permanece sem alternativa evidente de proteção, num território onde praticamente não restam zonas consideradas seguras.

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