Gordura abdominal impacta estrutura cardíaca mais que IMC, diz estudo

Homem medindo a gordura abdominal com fita métrica, destacando a importância da gordura abdominal na saúde do coração.

A gordura concentrada na região da barriga provoca alterações mais severas na estrutura do coração do que o peso total medido pelo Índice de Massa Corporal (IMC). A conclusão vem de uma pesquisa apresentada no congresso anual da Sociedade Radiológica da América do Norte (RSNA), em Chicago, que avaliou 2.244 moradores de Hamburgo, na Alemanha, com idade entre 46 e 78 anos e sem histórico de doença cardíaca.

Os participantes passaram por ressonância magnética cardíaca e tiveram o IMC e a relação cintura-quadril registrados. A análise mostrou duas tendências distintas. Primeiro, um IMC elevado esteve associado ao aumento global do coração, com crescimento proporcional de massa e volume dos ventrículos. Quando os pesquisadores examinaram apenas o acúmulo de gordura abdominal, o padrão mudou: a massa ventricular aumentou, mas o volume não acompanhou o mesmo ritmo. Esse espessamento do músculo, sem expansão equivalente da cavidade, pode reduzir a capacidade do órgão de receber e bombear sangue de forma eficiente.

“O músculo cardíaco engrossa, mas os volumes não aumentam proporcionalmente”, observou a radiologista Jennifer Erley, autora do trabalho, durante a apresentação. Segundo a pesquisadora, essa remodelação dificulta o relaxamento do coração e eleva o risco de insuficiência cardíaca.

O estudo também investigou diferenças entre os sexos. Nos homens, a relação entre gordura visceral e aumento da massa, especialmente no ventrículo direito, foi mais pronunciada, enquanto o volume continuou estável. Nas mulheres, o efeito apareceu em menor escala. Erley atribui parte dessa discrepância ao estrogênio, hormônio que exerce efeito protetor sobre o metabolismo e a distribuição de gordura antes da menopausa. “Após a menopausa, as mulheres acumulam obesidade visceral mais rapidamente, mas o coração fica exposto por menos tempo do que nos homens”, explicou a médica em nota do evento.

Como o ventrículo direito é responsável por enviar sangue aos pulmões, o espessamento sem aumento de volume pode impactar a pressão pulmonar e a função respiratória. Os autores destacam que acompanhar a circunferência abdominal — e não apenas o peso total — é fundamental para avaliar o risco cardiovascular, em especial entre homens, mas também em mulheres depois da menopausa.

A pesquisa reforça evidências de que a obesidade visceral representa ameaça específica à saúde do coração e aponta a necessidade de estratégias de prevenção focadas na redução da gordura na cintura, além do controle do IMC.

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