
O governo brasileiro intensificou, nesta semana, as tratativas para importar fomepizol, medicamento considerado padrão-ouro no tratamento de intoxicação por metanol. A iniciativa responde ao crescimento de notificações ligadas ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas.
Embora o país possua etanol farmacêutico para uso hospitalar, especialistas apontam que o fomepizol apresenta maior segurança e eficácia por bloquear, logo no início, a formação das substâncias que lesionam sistema nervoso e fígado. O antídoto, porém, ainda não tem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que obriga a adoção de um procedimento de importação excepcional.
Para acelerar o processo, a Anvisa publicou um edital de chamamento internacional destinado a fabricantes e distribuidores que disponham de estoque imediato. Paralelamente, o Ministério da Saúde acionou empresas estrangeiras e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) em busca de doações ou vendas emergenciais. Autoridades regulatórias de dez países — entre eles Estados Unidos, Canadá, Argentina e integrantes da União Europeia — foram contatadas para viabilizar a liberação rápida do remédio.
Enquanto tenta garantir o antídoto, o governo reforça a vigilância sobre o mercado de bebidas. Três laboratórios oficiais foram mobilizados para analisar amostras suspeitas, e equipes de fiscalização atuam em vários estados com o apoio das vigilâncias sanitárias locais. Até o momento, o Ministério da Saúde recebeu 59 notificações de possível envenenamento por metanol; 11 foram confirmadas, uma evoluiu para óbito e outras sete permanecem sob investigação.
O metanol é um álcool de uso industrial proibido para consumo humano. Após a ingestão, ele se converte em ácido fórmico e formaldeído, compostos responsáveis por danos graves aos órgãos vitais. Ao inibir essa conversão, o fomepizol é capaz de reduzir sequelas e mortalidade, razão pela qual se tornou prioridade na estratégia do governo para conter novos casos.
Não há, até o momento, previsão de quando os primeiros lotes chegarão ao país, mas o Ministério da Saúde informou que pretende distribuí-los a hospitais de referência assim que a importação for concluída. A pasta também orienta a população a adquirir bebidas apenas de fornecedores legalizados e a procurar atendimento médico imediato diante de sintomas como visão turva, dor de cabeça intensa, náuseas ou dificuldade para respirar.
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