Indústria apoia Plano Brasil Soberano e sugere ajustes ao governo

Entidades que representam segmentos industriais receberam com apoio o Plano Brasil Soberano, anunciado na quarta-feira (13), mas pediram aperfeiçoamentos para enfrentar as tarifas de até 50% impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras. O pacote prevê crédito, alívio tributário e estímulo às vendas externas enquanto o governo negocia a reversão do chamado “tarifaço”.

O plano, lançado após a elevação das alíquotas pelo presidente norte-americano Donald Trump, oferece linha de crédito especial de até R$ 30 bilhões com juros reduzidos, prorrogação por dois meses do recolhimento de tributos federais, reativação do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários (Reintegra) e reforço de fundos garantidores. Também foram anunciadas compras públicas direcionadas e simplificação de processos de exportação.

Confederação Nacional da Indústria apoia e pede novos mercados

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) avaliou que o pacote contempla reivindicações do setor, principalmente a linha de crédito e o adiamento do pagamento de impostos. Para o presidente da entidade, Ricardo Alban, as medidas “dão um respiro à indústria nacional”. O executivo, porém, afirmou que o objetivo é ir além: “Não queremos só respirar, mas caminhar”.

Alban defendeu ações para diversificar destinos das exportações, citando a União Europeia e futuros acordos bilaterais. A CNI já contratou escritórios de advocacia nos Estados Unidos para auxiliar na defesa dos interesses brasileiros e espera tramitação célere da medida provisória que regulamenta o plano no Congresso Nacional.

Indústria química vê avanço, mas teme efeitos indiretos

Responsável por US$ 2,5 bilhões em vendas anuais ao mercado norte-americano, a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) considerou o Plano Brasil Soberano um passo relevante para preservar competitividade e empregos. A entidade, entretanto, alertou para impactos em cadeias que utilizam insumos químicos, como plásticos, calçados, alimentos e vestuário.

O presidente da Abiquim, André Passos Cordeiro, afirmou que “negociações bilaterais devem avançar com base em critérios técnicos e econômicos, longe de motivações geopolíticas, para manter a integração produtiva entre os dois países”. A associação se comprometeu a colaborar para que os instrumentos previstos cheguem rapidamente às empresas mais afetadas.

Setor têxtil elenca pontos positivos e cobra agilidade

A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) elogiou a ampliação de crédito, a prorrogação de prazos no regime drawback, o reforço dos fundos garantidores e os ajustes no Reintegra. Segundo a entidade, essas medidas são “passos relevantes para preservar competitividade e proteger empregos”. A Abit solicitou que o Executivo seja ágil na execução e que o Legislativo aprove o pacote sem atrasos.

Jovens empresários pedem clareza nos critérios de acesso

Para a Confederação Nacional de Jovens Empresários (Conaje), a prioridade dada a micro, pequenas e médias empresas nas linhas de crédito é essencial para manter a competitividade internacional dos exportadores de menor porte. O presidente da confederação, Fabio Saraiva, ponderou que “a efetividade das ações depende de agilidade na implementação e de critérios claros sobre juros, prazos e setores prioritários”. Ele manifestou preocupação com eventual demora entre o anúncio e a liberação dos recursos.

Federação das Indústrias do Paraná critica abordagem federal

A Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) adotou tom mais crítico, classificando as medidas como “paliativas”. O presidente da entidade, Edson Vasconcelos, afirmou em nota que o governo “tem colocado questões ideológicas acima dos interesses da economia” e cobrou uma negociação “efetiva” com Washington para eliminar a sobretaxa.

Próximos passos

Apesar de diferenças de avaliação, todas as entidades indicaram disposição para colaborar com o governo. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços manterá rodadas de diálogo setoriais e negociações diplomáticas. Segundo a pasta, novas ações poderão ser adotadas caso a tarifa de até 50% seja mantida.

Enquanto isso, empresas afetadas aguardam a abertura das linhas de crédito e a publicação de normas complementares que detalharão prazos, condições de financiamento e procedimentos para o adiamento tributário. O Plano Brasil Soberano segue como principal instrumento brasileiro para amortecer o impacto imediato do tarifaço até que as discussões com os Estados Unidos avancem.

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