
A Justiça de Alagoas determinou a internação provisória, por até 45 dias, de um adolescente de Arapiraca suspeito de ameaçar de morte a psicóloga que participou de um vídeo do influenciador digital Felca sobre a adultização de crianças. A decisão, assinada na quarta-feira, 27, pela 1.ª Vara Cível da cidade, também autorizou busca e apreensão na residência do jovem.
Conforme o processo, o menor administraria um grupo virtual que planejava ataques a moradores de rua e estaria ligado a exploração sexual de menores, apologia ao nazismo, indução à automutilação e prática de “doxxing”. Segundo a polícia, ele enviou à profissional um e-mail com insultos e a frase: “Você mexeu em um ninho de abelhas”.
O adolescente foi identificado após a análise de IMEIs e endereços IP coletados durante a investigação. No despacho, o juiz Anderson Passos afirmou haver “indícios de múltiplas vítimas”, salientando que a medida se mostra “adequada e proporcional” para impedir novos atos e garantir a coleta de provas.
Em paralelo, uma operação conjunta das polícias de São Paulo e Pernambuco prendeu, na segunda-feira, 25, em Olinda, Cayo Lucas Rodrigues dos Santos, 21 anos. Ele é investigado por vender pornografia infantil na internet e por ameaçar Felca de morte. No momento da abordagem, o computador de Santos estava aberto em página de acesso ao sistema da Secretaria da Segurança Pública de Pernambuco.
O delegado-geral da Polícia Civil paulista, Artur Dian, declarou que a tentativa de acessar o banco de dados oficial “reforça a gravidade da conduta” e será submetida a perícia. Um segundo homem, identificado como Paulo Vinícius, também foi detido no local.
A repercussão do assunto começou em 6 de setembro, quando Felca divulgou um vídeo de 50 minutos demonstrando como algoritmos entregam conteúdo com menores a potenciais abusadores. O influenciador, que soma 17,7 milhões de seguidores no Instagram e 8,45 milhões no YouTube, entrevistou a psicóloga ameaçada para discutir os riscos da exposição infantil nas redes.
Após a publicação, parlamentares aceleraram a análise do projeto apelidado de “ECA Digital”, aprovado pelo Senado na quarta-feira, 27. O texto, que busca regulamentar a proteção de crianças e adolescentes na internet, aguarda sanção presidencial.
As investigações sobre as ameaças continuam em sigilo.
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