Investimento mundial em merenda duplica e alcança 80 milhões de alunos

Criança sorridente em uma escola durante a refeição escolar, representando o aumento do investimento mundial em merenda que chega a 80 milhões de alunos.
Foto: Banco de imagem

O financiamento destinado à merenda escolar deu um salto expressivo nos últimos quatro anos. O relatório bienal “O Estado da Alimentação Escolar no Mundo”, divulgado na quarta-feira (10) setembro pelo Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (WFP), indica que o investimento global cresceu de US$ 43 bilhões, em 2020, para US$ 84 bilhões em 2024 — aproximadamente R$ 454 bilhões na cotação atual.

Graças a esse aumento, 80 milhões de crianças que antes não tinham refeição garantida na escola passaram a ser atendidas. Ao todo, 466 milhões de estudantes recebem hoje refeições no ambiente escolar, número 20% superior ao registrado em 2020.

O avanço reflete também a expansão de políticas públicas. O total de países com programas nacionais de alimentação escolar quase dobrou no período, indo de 56 para 107. A evolução é mais acentuada em nações de baixa renda, que elevaram em 60% o número de crianças beneficiadas nos últimos dois anos. A África concentra boa parte desse crescimento, com 20 milhões de novos atendidos, puxados por Quênia, Madagascar, Etiópia e Ruanda.

De acordo com Daniel Balaban, diretor do WFP no Brasil, 99% dos recursos aplicados têm origem nos próprios orçamentos nacionais. “Países pobres estão percebendo que investir em alimentação escolar é investir em educação, saúde e agricultura”, afirmou.

O estudo destaca que refeições adequadas melhoram desempenho cognitivo, notas de matemática e níveis de alfabetização. Cada dólar investido rende entre US$ 7 e US$ 35 em benefícios sociais e econômicos, além de sustentar cerca de 7,4 milhões de empregos diretos em cozinhas escolares e postos indiretos na agricultura e logística.

Modelos que priorizam compras locais são apontados como estratégia para fortalecer economias regionais e incentivar dietas saudáveis. O Brasil é citado como referência com o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que fornece 50 milhões de refeições diárias a quase 40 milhões de alunos em 150 mil escolas, movimentando R$ 5,5 bilhões por ano. Desde 2009, pelo menos 30% dos recursos do PNAE devem ser destinados à agricultura familiar, medida classificada pelo WFP como “revolucionária” ao manter renda nas comunidades produtoras.

O relatório ainda ressalta o papel da Coalizão para a Alimentação Escolar, rede que reúne mais de 100 governos. Dois em cada três novos alunos beneficiados estão em países integrantes da iniciativa, hoje copresidida por Brasil, Finlândia e França.

A publicação antecede a 2ª Cúpula Mundial da Coalizão, marcada para 18 e 19 de setembro em Brasília, onde líderes internacionais irão analisar avanços e discutir novos compromissos para ampliar o alcance dos programas de merenda escolar.

Balaban resume a importância do tema: “Quando a criança está alimentada, ela aprende. É simples assim”.

 

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