
O paraibano Gerson de Melo Machado, conhecido como “Vaqueirinho”, de 22 anos, morreu na noite de domingo (30/11) após pular a grade do recinto dos leões no zoológico de João Pessoa, na Paraíba. Segundo a administração do parque, o jovem foi atacado por uma leoa poucos segundos depois de entrar na área restrita e não resistiu aos ferimentos.
A tragédia ganhou repercussão nacional quando uma conselheira tutelar que acompanhou Gerson na infância publicou, nas redes sociais, um relato detalhando o histórico de vulnerabilidade do rapaz. O texto viralizou e gerou comoção, trazendo à tona discussões sobre abandono familiar, falta de políticas sociais e saúde mental.
De acordo com a conselheira, o primeiro contato com Gerson ocorreu quando ele tinha apenas 10 anos. Ele foi localizado sozinho na rodovia BR-230 pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e encaminhado ao Conselho Tutelar. A partir daí, a profissional acompanhou o menino por oito anos, buscando garantir assistência e evitar novas violações de direitos.
Em um trecho da publicação, ela recorda que o garoto sonhava em ver leões de perto. “Você dizia que pegaria um avião para fazer safári na África e cuidar dos leões”, escreveu. Ainda segundo o relato, o menor chegou a entrar no trem de pouso de um avião da Gol anos atrás, fato descoberto a tempo pelos funcionários do aeroporto.
Gerson foi destituído do poder familiar da mãe, diagnosticada com esquizofrenia, e não pôde ser adotado, ao contrário de quatro irmãos que seguiram para outras famílias. A avó materna também apresentava transtornos psiquiátricos, o que dificultava a rede de apoio. “Eu nunca consegui ver você como as redes sociais te pintavam. Eu conheci a criança impedida de ser adotada que só queria voltar para a mãe”, escreveu a conselheira, no único trecho divulgado integralmente.
Após a morte, centenas de usuários comentaram o relato. Entre as manifestações, destacaram-se críticas à ausência de suporte estatal. “Apenas mais um exemplo de como o sistema falha com quem precisa”, opinou um internauta. Outra usuária lamentou: “Que ele encontre a paz que não teve em vida”.
A direção do zoológico informou que o recinto atendia às normas de segurança e que foi instaurado procedimento interno para apurar como o homem conseguiu acessar a área. A Polícia Civil abriu inquérito para investigar as circunstâncias do episódio. Até o momento, não há indícios de participação de terceiros.
O corpo de Gerson de Melo Machado foi encaminhado ao Instituto de Medicina Legal (IML) de João Pessoa para necropsia. O sepultamento deve ocorrer nesta segunda-feira (01/12), em cerimônia restrita a familiares.

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