
A Justiça da Rússia determinou nesta segunda-feira, 15 de dezembro de 2025, que o coletivo punk feminista Pussy Riot passa a integrar oficialmente a lista nacional de organizações extremistas, ficando proibido de atuar em todo o território da Federação Russa. A decisão foi divulgada pelo Tribunal Municipal de Moscou em seu canal no Telegram.
Fundado no início da década de 2010, o Pussy Riot ganhou projeção internacional em 2012, após realizar uma “oração punk” na Catedral de Cristo Salvador, em Moscou, implorando à Virgem Maria que expulsasse Vladimir Putin do poder. A performance resultou em condenações e penas de prisão para integrantes do grupo, o que ampliou a visibilidade do coletivo e a associação de sua militância à defesa dos direitos humanos e à oposição ao governo russo.
A inclusão na lista de “extremistas e terroristas” permite que as autoridades recorram a instrumentos legais mais rígidos, como congelamento de contas bancárias, bloqueio de sites e abertura de processos criminais contra quem colaborar com o coletivo. A mesma classificação já atinge a Fundação Anticorrupção do falecido opositor Alexei Navalny, a empresa Meta e o movimento internacional LGBTQIA+.
Nas redes sociais, as integrantes exiladas afirmaram que a medida não foi surpresa. “Estão tentando fazer isso desde 2012”, escreveu Nadya Tolokonnikova em uma postagem no X que reproduz trechos de entrevista concedida naquela época, quando cumpria pena em uma colônia penal. Em outra nota publicada no início de dezembro, o grupo avaliou que a lei “foi criada para apagar o Pussy Riot da memória dos cidadãos russos”.
Além da crítica interna ao Kremlin, o coletivo se posiciona contra a ofensiva militar russa na Ucrânia. Diversas integrantes deixaram o país nos últimos anos para evitar novas prisões e continuar a ação artística em território seguro.
Com a decisão desta segunda-feira, qualquer manifestação, show ou campanha que mencione o nome Pussy Riot pode ser enquadrada como atividade extremista, abrindo caminho para acusações criminais. A defesa do grupo informou que pretende buscar respaldo em instâncias internacionais, embora reconheça que o efeito imediato dentro da Rússia é limitado.

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