
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu, nesta terça-feira (2), que os homens assumam papel ativo no combate ao feminicídio, após uma sequência de crimes que ganharam repercussão nacional. A declaração foi feita em Ipojuca (PE), durante cerimônia de ampliação da capacidade operacional da Refinaria Abreu e Lima.
Lula relatou que a primeira-dama, Rosângela da Silva, chorou ao acompanhar reportagens sobre casos recentes de violência contra a mulher. “Ela me pediu uma luta mais dura”, afirmou o presidente ao lembrar episódios ocorridos nos últimos dias em São Paulo e Recife.
Na capital paulista, um homem atirou pelo menos seis vezes contra a ex-companheira numa pastelaria na zona norte, na segunda-feira (1º). Também em São Paulo, Douglas Alves da Silva, 26 anos, atropelou e arrastou Tainara Souza Santos, 31, por cerca de um quilômetro no sábado (29); a vítima teve as pernas amputadas e permanece internada. Já no Recife, um suspeito de 39 anos foi preso após incêndio que matou sua esposa grávida e quatro filhos.
“O que está acontecendo na cabeça desse animal que se diz a espécie mais inteligente do planeta?”, questionou Lula, citando os três casos. Ele ponderou se o Código Penal dispõe de punição suficiente para crimes dessa natureza e defendeu mobilização masculina: “Cada um de nós precisa ensinar o outro. Se não está bem com a companheira, separe-se, mas não bata.”
Dados da Secretaria de Segurança de São Paulo mostram 207 mulheres assassinadas no estado desde janeiro, 22 delas em outubro, além de 5.838 vítimas de lesão corporal dolosa. O Brasil tipifica o feminicídio como crime hediondo, punido com reclusão de 12 a 30 anos.
Ao lembrar que foi criado apenas pela mãe, Lula reforçou o apelo por um movimento nacional. “Homem não nasceu para bater em mulher ou estuprar criança”, disse. O presidente conclamou participantes do evento a levantar as mãos em apoio a uma campanha permanente de conscientização.
Além do pronunciamento sobre feminicídio, o governo anunciou investimento de cerca de R$ 12 bilhões para concluir o Trem 2 da Refinaria Abreu e Lima e manter o Trem 1. Com isso, a unidade deverá dobrar a capacidade de processamento para 260 mil barris diários até 2029, respondendo por 17% da demanda brasileira de diesel e produzindo também gasolina, GLP e nafta.

Faça um comentário