
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (23), na abertura da 80ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, que o conflito em Gaza representa o exemplo mais grave de uso “desproporcional e ilegal da força” atualmente em curso. Ao citar os ataques do Hamas como “indefensáveis sob qualquer ângulo”, Lula sustentou que “nada, absolutamente nada, justifica o genocídio em Gaza”.
Segundo o chefe do Executivo brasileiro, “dezenas de milhares de mulheres e crianças inocentes” estão soterradas sob os escombros no território palestino. Ele acrescentou que ali também foram “sepultados o direito internacional humanitário e o mito da superioridade ética do Ocidente”, crítica dirigida aos países que, na visão do presidente, têm condições de interromper a ofensiva mas permanecem “cúmplices”.
O mandatário denunciou o emprego da fome como arma de guerra e o deslocamento forçado de civis, práticas que, disse, vêm ocorrendo “impunemente” em Gaza. Lula destacou ainda a posição de judeus que “dentro e fora de Israel se opõem a essa punição coletiva”. Para ele, o povo palestino “corre o risco de desaparecer” caso não se consolide um Estado independente reconhecido pela comunidade internacional.
O presidente lembrou que mais de 150 Estados-membros das Nações Unidas apoiam a criação do Estado da Palestina, proposta que, porém, “segue bloqueada por um único veto” no Conselho de Segurança. A fala reforça a ênfase do governo brasileiro em defender uma solução de dois Estados como caminho para a paz e para preservar os direitos dos palestinos.
Além do tema do genocídio em Gaza, Lula tratou da guerra Rússia-Ucrânia. Ele reiterou que “não haverá solução militar” e citou um encontro recente no Alasca, que, segundo ele, reabriu expectativas por negociação. “É preciso pavimentar caminhos para uma solução realista, levando em conta as legítimas preocupações de segurança de todas as partes”, declarou.
Para avançar em diálogo, o presidente mencionou duas iniciativas: o grupo de países africanos que articulam propostas de paz e o chamado Amigos da Paz, formado por China e Brasil. Ambos, disse Lula, podem servir de ponte para discussões envolvendo Moscou e Kiev.
A intervenção presidencial reforçou a linha diplomática brasileira de defesa do multilateralismo e da observância do direito internacional, colocando o país como potencial mediador em crises internacionais. Ao concluir, Lula sustentou que a ONU precisa ser capaz de responder a violações como o “genocídio em Gaza” e de facilitar soluções negociadas em conflitos prolongados, a exemplo da guerra na Ucrânia.
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