Lula critica sanções e cobra ação climática no discurso na ONU

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu nesta terça-feira a 80ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em Nova York, reafirmando a tradição brasileira de realizar o primeiro pronunciamento do debate anual. Em aproximadamente 18 minutos, o chefe de Estado abordou temas internos e desafios globais, com foco em democracia, desigualdade, conflitos armados e mudança do clima.

Logo no início, Lula declarou que o sistema multilateral atravessa “uma nova encruzilhada”, criticando sanções “arbitrárias e unilaterais” promovidas por grandes potências. Sem mencionar diretamente os Estados Unidos, afirmou que intervenções desse tipo colocam a autoridade da ONU em xeque e contribuem para o avanço do autoritarismo.

Ao tratar da política doméstica, o presidente destacou a recente condenação do ex-mandatário Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal. Para Lula, o julgamento demonstra que “não há pacificação com impunidade” e envia um recado aos “candidatos autocratas”. Disse ainda que democracias sólidas exigem redução de desigualdades e garantia de direitos básicos.

Sustentando a linha social, o líder brasileiro comemorou a retirada do país do Mapa da Fome e relacionou pobreza, desigualdade de gênero e migração forçada à fragilidade democrática. Segundo ele, culpar migrantes pelos problemas nacionais enfraquece instituições e estimula a xenofobia.

O discurso também incluiu críticas às big techs. Lula mencionou a aprovação de legislação brasileira que protege crianças e adolescentes no ambiente digital, citando a necessidade de resguardar famílias em meio à expansão das plataformas online.

Sobre o Oriente Médio, o presidente classificou a ofensiva israelense na Faixa de Gaza como “genocídio” e pediu reconhecimento internacional do Estado palestino. Ressaltou que, embora os ataques do Hamas sejam “indefensáveis”, nada justifica a magnitude da devastação em Gaza, onde, nas suas palavras, se enterram “o direito humanitário e o mito da superioridade ética do Ocidente”.

Na seção dedicada à América Latina, Lula afirmou que a região vive crescente polarização. Defendeu diálogo na Venezuela, futuro pacífico para o Haiti e considerou “inadmissível” a permanência de Cuba na lista de países patrocinadores do terrorismo. Para o combate ao narcotráfico, propôs cooperação focada em lavagem de dinheiro e controle do comércio de armas.

O tema climático ocupou a parte final do pronunciamento. Ao lembrar que 2024 foi o ano mais quente já registrado, Lula sugeriu a criação de um conselho na ONU para monitorar metas ambientais e convocou os países a apresentarem compromissos ambiciosos na COP30, marcada para 2025 em Belém. “Bombas e arsenais nucleares não nos protegerão da crise climática”, advertiu.

Encerrando, o presidente citou o ex-governante uruguaio Pepe Mujica e o papa Francisco como referências humanistas e afirmou que, se vivos estivessem, lembrariam que “o amanhã é feito de escolhas diárias” e exige “coragem para agir”.

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