Lula nega intervenção externa e abre centro policial na Amazônia

Lula participando da inauguração de um centro policial na Amazônia com autoridades e apoiadores durante evento oficial.
Foto: Divulgação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (9), em Manaus, que os países amazônicos “não precisam de intervenções estrangeiras” para enfrentar o crime organizado. A declaração foi feita durante a inauguração do Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI Amazônia), já em operação desde junho.

Instalado com investimento de R$ 36,7 milhões do Fundo Amazônia, o CCPI funcionará como núcleo de inteligência integrado por forças de segurança do Brasil e dos demais oito países que compartilham a floresta. A estrutura reúne serviço de monitoramento, gabinete de crise, divisões de operações e apoio logístico. Interpol, Europol e Ameripol participarão como parceiras técnicas.

Lula defendeu que a presença permanente do Estado é a forma mais eficaz de recuperar áreas dominadas por redes criminosas. Segundo ele, “o crime ocupa os lugares que o Estado não preenche” e, por isso, a articulação regional é essencial para reprimir garimpo ilegal, desmatamento, tráfico de drogas, armas e pessoas.

Ao citar recentes movimentações militares dos Estados Unidos na costa da Venezuela, o presidente brasileiro classificou a medida como “pretexto” para possíveis intervenções. “Somos perfeitamente capazes de protagonizar nossas próprias soluções; as palavras-chave são ação integrada e cooperação”, declarou.

Durante a cerimônia, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, reforçou a necessidade de esforço conjunto. Para ele, proteger a Amazônia “é salvar a humanidade”. Petro demonstrou preocupação com riscos de escalada militar na região e defendeu diálogo direto dos países sul-americanos com Washington.

Dados do governo brasileiro apresentados no evento indicam que, em 2024, foram apreendidos mais de US$ 250 milhões em bens ligados a crimes ambientais na Amazônia. Outros US$ 60 milhões em máquinas de garimpo, como dragas e aeronaves, foram inutilizados.

O CCPI integra o Plano Amazônia: Segurança e Soberania (AMAS), que recebeu R$ 318,5 milhões do Fundo Amazônia para ampliar a capacidade de inteligência, fiscalização e repressão. Os recursos abrangem compra de helicópteros, lanchas blindadas, viaturas e drones destinados às polícias federal e estaduais.

Do lado brasileiro, participam Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional e corporações dos nove estados da Amazônia Legal. O diretor-geral da PF, Andrei Passos Rodrigues, destacou que organizações criminosas atuam de forma transnacional e, portanto, “exigem resposta igualmente transnacional”.

Mais tarde, ainda em Manaus, Lula anunciou o programa União com Municípios, que destinará R$ 150 milhões a 48 cidades prioritárias para redução de desmatamento e queimadas, e entregou a Infovia 04 do programa Norte Conectado, ligando Manaus a Boa Vista por cabos de fibra ótica subfluviais.

A Floresta Amazônica cobre cerca de 6,7 milhões de quilômetros quadrados, dos quais 60% em território brasileiro, abrigando aproximadamente 50 milhões de habitantes.

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