
Em cerimônia realizada nesta terça-feira (9) em Manaus, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou o Programa União com Municípios, iniciativa voltada à redução do desmatamento e de incêndios florestais na Amazônia Legal. A medida prevê aporte de R$ 150 milhões, financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pela Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater).
Lula destacou que o Brasil continua a deter a maior extensão de florestas tropicais do planeta e defendeu a autonomia nacional sobre a região. “Estamos preservando o que eles não preservaram”, afirmou. Em seguida, acrescentou: “Do nosso quintal cuidamos nós; não precisamos de ninguém metendo o bedelho aqui”.
O presidente ressaltou que a execução do programa passa pela parceria direta com as prefeituras, às quais serão transferidos recursos para ações de monitoramento, prevenção e combate a queimadas. Pelo menos 70 municípios amazônicos já aderiram. “O prefeito não é nosso inimigo, mas o principal aliado para evitar novos desmazelos”, disse Lula.
Durante o evento, o indigenista e filósofo Egydio Schwade observou a necessidade de “novos paradigmas na relação entre sociedade, natureza e povos tradicionais”, lembrando críticas que sofreu no início de sua atuação com comunidades indígenas.
O presidente do BNDES, Aloísio Mercadante, informou que o banco liberou R$ 2,5 bilhões desde o início do atual governo para projetos que incluem demarcação de terras indígenas, cadastro ambiental rural e apoio à agricultura familiar. Segundo ele, o volume contrasta com a “ausência de compromisso” da gestão anterior.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, reafirmou o objetivo de zerar o desmatamento até 2030. Ela citou dados que apontam queda de 46 % na derrubada de floresta nos dois primeiros anos do governo. “O foco agora são os municípios”, explicou.
Lula também projetou a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP30), marcada para novembro de 2025 em Belém, como um momento de distinção “entre quem acredita na ciência e quem continua negando”. Para ele, o encontro “será a COP da verdade”.
No discurso, o presidente mencionou declarações recentes da porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, segundo as quais o ex-presidente norte-americano Donald Trump estaria disposto a usar “meios militares” contra países que comprometessem a liberdade de expressão. Lula não comentou diretamente a ameaça, mas reiterou que a Amazônia é tema de soberania brasileira.
O chefe do Executivo finalizou lembrando o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado e citou a falta de oxigênio em Manaus durante a pandemia de covid-19. Ele classificou o período como “momento delicado” da história recente.
Ao defender a exploração econômica sustentável da região, Lula afirmou que a Amazônia “pode ser utilizada de forma correta, retirando o que é necessário e repondo o que for preciso”.
Com a assinatura do novo programa e a retomada do Fundo Amazônia, o governo busca consolidar a estratégia de desmatamento zero nos próximos cinco anos, reforçando a agenda de preservação ambiental com respaldo financeiro e apoio dos governos locais.
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